Coisas e Coisas
Balzac e a geração Y
Me dei conta, pela primeira vez, de que estava ficando velho ao notar que o rádio do meu carro ficava sintonizado, quase sempre, na Alfa FM. Para quem não conhece, é uma rádio que toca hits como
Smooth Operator, da Sade. Enfim, rádio de velho. Dias atrás, tive uma nova e triste prova de minha idade avançada. Encontrei minha
ex num parque, com seu office-boy. O rapaz tinha um iPod, a tal barriga tanquinho e uma bermuda de cintura baixa, que revelava, sem pudor, a cueca. Sim, aquela era a geração Y, a que iria me engolir.
Eles se aproximaram para conversar. Tive pensamentos cruéis e a vontade de soltar logo de cara uma pergunta bem sacana, do tipo: “E aí, tudo bem? Foram ao show do NX Zero ontem? Curtiram?” Mas não perguntei. O máximo que disse foi um “prazer” ao ser formalmente apresentado pela
ex como “Carlos Eduardo, meu ex-marido, o jornalista”. Quando ela falou “o jornalista”, senti que o moleque torceu o nariz. Disse que não se lembrava de ter me visto em TV alguma. Decerto, me imaginava um cara famoso. “Sempre trabalhei em jornal impresso”, expliquei. Mas ele contou que nunca lia jornais.
Quis mostrar à
ex que minha vida seguia a todo vapor (coisa de gente separada) e falei do sucesso do blog que tinha criado para discutir a carreira e as relações humanas. Disse, em tom de brincadeira, que falava mal dela nos posts, mas bem de leve. Ao mencionar o nome do blog, o office-boy se espantou. “Desilusões perdidas? Caraca, véio, de onde você tirou isso?” Respondi que havia me inspirado no Balzac, e o garoto completou: “Ah, tô ligado no Balzac, aquele remédio que
os doido usa.” Sorri, aliviado. A geração Y não me engoliria tão cedo.
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