Coisas e Coisas
A felicidade nas pequenas coisas
Quando eu era jovem, ainda não existia a profissão de participante de reality show. Eu também não tinha o menor jeito para ser jogador de futebol ou líder de banda de rock. Mas havia uma chance de ficar rico e famoso: ser jornalista. Virei um jornalista cheio de nobres ideais, ilusões e quebrei a cara várias vezes, como já relatei num dos primeiros posts, “As desilusões perdidas”. Tornei-me apenas um pobre anônimo. E corno.
Ontem, eu li um pouco mais sobre o Michael Jackson, um cara que conquistou dinheiro e fama. Mas tinha uma vida de merda. Sim, uma vida de merda, porque é assim que se define a existência de alguém que suplica todos os dias a um médico a aplicação de anestésicos fortíssimos. É muito triste ter de viver sedado para não sentir as dores do corpo e da mente. E eu aqui reclamando de ter me tornado apenas um pobre anônimo. E corno.
Comecei a perceber quanta coisa boa eu vivi na minha carreira de jornalista, mesmo sem ganhar dinheiro e fama. O tesão do jovem Duda ao ver sua primeira matéria assinada não tem preço. A primeira matéria assinada na capa do jornal então me garantiu orgasmos múltiplos. Era delicioso conquistar, após meses, uma entrevista com alguém que não queria falar com jornalistas, mas que acabava falando comigo só para eu parar de encher o saco.
Como eu ficava feliz ao ver um caderno especial feito com tanto carinho e por tanto tempo enfim impresso nas minhas mãos. Como eu ficava feliz ao ouvir a estagiária gostosa dizer que a minha matéria do domingo estava ótima, quando eu achava que estava apenas boa. Como eu ficava feliz ao ter um fim de semana de folga depois de duas semanas trabalhando sem descanso. Como eu ficava feliz ao ganhar um jabá, mesmo que fosse um vinho barato para celebrar o Natal.
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