Coisas e Coisas
Fragmentos
Por que você diz isso? Me pergunta com uma cara de quem realmente queria uma resposta Como se não fosse apenas retórica do que se tratava aquilo Já não existia esperança ali Nesse ponto da discussão, éramos apenas duas criaturas querendo colocar um ponto final Ou Talvez Encontrar uma maneira de livrar-se de alguma possível culpa Não sei dizer exatamente porque falei aquilo Não saberia fazer um percurso razoavelmente coerente para entender Ou explicar Como havia chego até ali Não te entendo E eu não duvido que aquilo seja realmente verdade Não me entendo Não nos entendemos Pelo menos Nisso Poderíamos concordar Talvez
Quando dei por mim Minhas mãos doíam Os ossos sofriam pelo impacto Os músculos doíam pela tensão Sua cabeça esmagada contra o piso Como um figo partido ao meio Diria Caio Uma imagem que só é bonita na literatura Ou num filme em que uma música triste e melancólica embala imagens em câmera lenta ou em preto e branco Um delírio poético Criado por alguém que tenta traduzir em imagens algo que nem imagina o que seja
Tenho um trabalho para fazer Um trabalho que nunca acaba E que nunca começa Um trabalho para a vida toda Que termina em umas três ou quatro horas Mas que nunca começa Talvez seja o final do ano me pressionando o cérebro Tentando sugar minhas últimas ideias Mantidas Ainda com esforço No resto do sótão que habito Nunca fez tanto sentido a metamorfose do Kafka Não sei dizer em qual animal tenho me transformado todos os dias Repugnante Cansado do convívio deste mundo Destes mundos em que vivemos Não há poesia nenhuma nisso Somos apenas um bando de humanos Ou algo parecido Vivendo em bolhas Mundos separados por uma membrana tão fina que não nos impede de vilanizar os outros Gostaria que meu trabalho fosse tão simples quanto empunhar uma espingarda calibre doze e matar uma meia dúzia de seres Humanos Ou algo parecido A violência Nesse momento Parece menos significante Menos violadora Menos impactante Menos Do que qualquer outra ação que eu possa tentar realizar Meu trabalho exige movimento Mas eu congelo como aquelas múmias encontradas soterradas sob o gelo O sofá é minha última morada Nele permaneço Imóvel Distribuindo cliques Curtidas Avaliações sobre tudo aquilo que não quero ter contato Parabéns por mais um ano de vida Aí Do outro lado da tela Permaneça aí Do outro lado da bolha Mantenha-se Distante Um beijo Um like Um tiro de doze Uma dormência nas pernas E esse trabalho Que nunca termina Que nunca começa Rezando para que os dias parem Apenas parem Logo logo é reveillon Brindemos
loading...
-
Como Quem Sangra...
Trilha sonora para este post: Syrupsniph Flunk Eu queria escrever como quem sangra. Como quem respira. Como quem pensa. Queria minha escrita fosse simples assim, parte da minha existência. Queria ver meus pensamentos materializados em forma de palavras,...
-
O Bilhete
A frase ficou martelando na minha cabeça. "Eu não fiz por mal." Tão simples, não é? Fazer o que se faz e depois, deixar uma frase dessas num bilhete de suicídio. Como se uma frase pudesse apagar todo o passado. Como se uma frase pudesse mudar...
-
Fuga!
Você não poderia saber... Nunca... Quanto te amei, foi em silêncio. Foi... Você não poderia saber... Afinal... Nós nem nos conhecíamos. Nunca... Você não poderia saber... Óbvio... Quando eu vivia, tu não existias. Ainda... Você não poderia...
-
Pura Repetição..............
No princípio pensou que era pura coincidência!Não era.Depois pensou que poderiam ser fatos isolados!Não eram.Então imaginou que tudo aquilo era uma armação de alguém!Nunca provou.Fosse quem fosse que estivesse escrevendo o roteiro da sua vida,...
-
Marta era uma amiga distante. Não conversávamos muito porque não havia o que conversar. Eu era quase 10 anos mais velho que ela e não tinha fama de rockstar, nem de bêbado, nem de drogado. Ela era uma menina magrinha, bonita, desnorteada pro lado...
Coisas e Coisas