Epifania
Coisas e Coisas

Epifania






O dia parecia como qualquer outro.

A incrível sutileza dos dias comuns.

Andava pela rua. Só. Ultimamente andava sempre só. Olhava as casas. As mesmas casas que sempre passava. Dia após dia. Semana após semana. E as outras pessoas andando por ali. Ali, um lugar qualquer, sem nenhuma significação especial.

A incrível sutileza da simplicidade.

E então, pela primeira vez na vida, viu.
Quando se deu conta estava ali, olhando para ela.
A câmera.
Encarou-a como quem encara a verdade.
Pela primeira vez na vida.

Olhou para os lados e a vida continuava normal. Sem nenhuma significação especial.

Olhou para a câmera e ela continuava ali. Observando-o.

E pôde perceber que cada um de nós tinha uma câmera que nos seguia, fôssemos onde fôssemos.

A senhora comprando flores na esquina. O rapaz que passeia com o cachorro e pensa em como pagar o aluguel naquela semana. A criança que olha o brinquedo na vitrine. A mulher que apressa o passo para tomar a condução. O homem que encara o copo de uísque pensando em como conseguir chegar ao final do mês. O senhor que aguarda a abertura do semáforo e escuta a previsão do tempo. A menina que não consegue segurar a bola com seus braços curtos. O cachorro que o observa parado no meio da calçada.

Encarou a câmera novamente. Desta vez como que perguntando o que era tudo aquilo.
Queria saber porque ele conseguia ver o que os outros não via.
Queria saber desde quando a câmera o seguia.
Queria saber.
Queria.

A câmera não fazia nada. Apenas o olhava. Observava. Captava seus movimentos.

Finalmente. Soltou um grito.
Algo que variava entre a dor e libertação.
Algo que variava entre o humano e...

Uma a uma, as pessoas foram parando de se movimentar.
Uma a uma, as pessoas foram enxergando suas câmeras.
Uma a uma, as pessoas encararam suas lentes.
Uma a uma, as pessoas olharam para os lados.
Uma a uma, as pessoas começaram a se perguntar.

A incrível sutileza das perguntas que nunca obterão uma resposta.





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