Um dia...
Coisas e Coisas

Um dia...







Todos os dias ele levantava e seguia sua vida.
Era conhecido por ser um homem forte. De personalidade forte.
Pau para toda obra. Diziam.
E era realmente forte.
Levava a vida que queria levar. Fazia as coisas que queria fazer.
Pelo menos as que conseguia fazer com o dinheiro que tinha.
Sempre se pode fazer mais. Mas, dentro das possibilidades, levava a vida que queria.
Não que isso fosse fácil. Nunca é fácil saber as coisas.
A ignorância ainda é uma poderosa forma de felicidade.
Mas, uma vez tendo dado um passo adiante, não há como retroceder.
Uma vez que você conquista algum conhecimento, sobre si mesmo ou sobre o mundo, acabou-se.
Sua vida acaba sendo contaminada.

Nenhuma felicidade é completa.
Nenhuma infelicidade é interminável.
Nenhum amor é para sempre.
Nenhuma solidão mata.

Todos os dias ele se levantava e seguia sua vida.
Todos os dias ele fazia tudo o que queria, ou que podia, fazer.
Todos os dias ele afirmava, talvez para si mesmo, que era assim que tudo deveria ser.
Todos os dias ele era um exemplo para os amigos.
Todos os dias ele... sempre ele... sempre...

Um dia...

- certas coisas sempre acontecem "um dia"-

... ele decidiu não se levantar. Decidiu não ser o mais forte. Decidiu não ser pau para toda obra. Decidiu não ajudar ninguém a atravessar a rua. Decidiu não levar a vida que podia. E nem mesmo aquela vida que ele achava que queria. Decidiu não acreditar mais em "nunca". Decidiu não acreditar mais em "nenhuma". Decidiu não mais "seguir". Decidiu não ser mais um exemplo. Decidiu não mais ser "ele".

E chorou.
Por horas.
Dias.
Semanas.
Meses.
Anos.

Chorou as lágrimas guardadas de 350 anos.
Chorou um rio inteiro.
Chorou um mar de lamentações.
Todas as lamentações do mundo.






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