O sanatório – parte 2
Coisas e Coisas

O sanatório – parte 2


Meu amigo foi um jornalista brilhante, texto impecável, faro apurado, mas tinha um grande defeito. Sempre achava que os outros jornalistas queriam roubar as suas pautas. Na redação, vivia debruçado sobre o computador para que ninguém descobrisse o que estava escrevendo. Recusava-se também a assinar matérias com os outros colegas. Era soberano em suas reportagens e textos. Essa era sua esquisitice.

Começou a ficar com fama ruim na redação, mas não deixou de ser um grande jornalista e nem perdeu o meu respeito. E, agora, após muito tempo sem notícias suas, soube que estava no sanatório. O enfermeiro me contou que ele era um dos pacientes mais agitados e, por esta razão, era sedado vez ou outra. Nosso reencontro foi emocionante, ele chorou muito quando me viu.

- Fiquei sabendo que você é o agitador do pedaço, brinquei. Continua fazendo muita bagunça, como nos velhos tempos?

- Duda, estou com um problema sério aqui.

- Problema sério?

- Tenho um plano de fuga sensacional, arquitetado há meses. Coisa de profissional, sabe? Mas os outros internos querem roubar minha idéia. É muito triste isso.

Meu amigo tinha razão. O lugar era muito triste. Mas também era fascinante. Aquela gente toda, aquelas neuroses, tudo era muito familiar para mim.

Ficou tarde e fui obrigado a dormir no sanatório. Partiria bem cedo no dia seguinte. À noite, tive uma longa conversa com o enfermeiro, que me deu detalhes sobre as demências mais comuns dos jornalistas. Era impressionante como ele conhecia o nosso mundo! Contei a ele sobre a minha carreira, sobre minha vida e tudo mais, e ele me ouviu com paciência. Antes de ir para cama, o enfermeiro me desejou bons sonhos e despediu-se.

- Quem sabe o doutor ainda não volta pra cá no futuro para passar mais tempo com a gente?



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