Coisas e Coisas
O netinho querido da vovó
O Nestor resolveu ficar doente justamente no nosso fim de semana. Começou a chorar de forma estranha no sábado à noite. Levei o pobrezinho a um hospital veterinário 24 horas e gastei lá o dinheiro do almoço do domingo. E o do resto da semana também. Na sala de espera, havia muitos cães, um cheirando o rabo do outro, na maior confraternização. Uma velhinha, com um chihuahua chato no colo, puxou assunto. Aliás, velhinhos adoram puxar assunto, assim como chihuahuas adoram ser chatos.
- Ah, então o senhor é jornalista? O meu netinho também é. O senhor trabalha onde?
- No momento, estou buscando novos caminhos, me reciclando, estudando muito, me redescobrindo como jornalista...enfim, estou desempregado, minha senhora!
- O meu neto também. Acabou de se formar e não consegue emprego de jeito nenhum. O menino é inteligente, fala Inglês fluentemente, mas não arranja nada. Dá para acreditar?
Não é a primeira vez que eu conheço alguém que tem parente jornalista. Até uma faxineira que trabalhou lá em casa tinha um sobrinho jornalista. Também era inteligente e não tinha emprego. Só não lembro se falava Inglês.
- Vou pedir para o meu neto mandar o currículo para o senhor. Talvez possa ajudá-lo. O menino é muito bom, inteligente...
Na semana seguinte, recebi um e-mail do moço, “o neto da velhinha do veterinário”, como ele mesmo se apresentou. Era um currículo enxuto demais, como também era o meu quando me formei. Mas o que mais me chamou a atenção – e me assustou – foi a “experiência profiCional”, com “c”. O netinho querido poderia até dominar o Inglês, mas o Português estava sendo duramente castigado. Mas avó é sempre avó, não é?
PS: Naquele sábado à noite, o veterinário disse que o Nestor estava ótimo. Era apenas manha canina. O danado me fez comer miojo por uma semana!
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