Coisas e Coisas
Esse estranho desejo de trabalhar
Passado o período do
rebolation, o Brasil volta ao seu ritmo normal de trabalho (o
enrolation). Contagiado por esse estranho desejo de ser produtivo e economicamente ativo, o jornalista recém-formado e desempregado decide fazer seu currículo e batalhar a entrada no mercado de trabalho. Por que as propagandas de faculdade sempre dizem que o sucesso profissional está garantido?, pensa. Por que todo mundo sempre acredita nessa mentira? Mas agora não adianta conjecturar. O carnaval acabou e o currículo precisa estar pronto. Rapidamente.
Criar um currículo atraente quando se está iniciando a carreira é como seduzir uma daquelas gostosas do carnaval de Salvador sendo feio e pobre. Quase impossível, ou melhor, impossível. Já que não dá para fazer um currículo atraente, o jovem jornalista busca, ao menos, não queimar o filme. Há quem acredite que, hoje em dia, o currículo de um jovem jornalista sem erros grosseiros de Português já é um currículo diferenciado.
O jovem jornalista fica imóvel em frente ao computador. Caraca, o que eu coloco aqui nesta parte de “experiência profissional”?, reflete, intrigado. Será que vale a pena dizer que eu animava festinhas num bufê infantil? Que eu me vestia de Palhaço Carequinha? Isso pode não ter nada a ver com jornalismo, mas mostra que eu sou um cara versátil, não? No final das contas, acabou omitindo a experiência como palhaço. Mencionou apenas o trabalho como office-boy no escritório do pai e o jornalzinho que fazia em casa quando criança.
Navegou pelo Google (ah, o Google!) e visitou páginas com dicas de como fazer um currículo legal. Gostou principalmente do conselho para evitar páginas e mais páginas. Concisão é tudo num currículo, anotou num bloquinho. Quer coisa mais concisa do que o currículo de um iniciante? Ponto para mim, disse em voz alta.
Depois de algum tempo, o currículo estava pronto. Havia descolado um mailing com uma amiga da faculdade com o contato de diversos jornalistas importantes. Agora, era só mandar um e-mail para todos eles suplicando uma oportunidade de trabalho. Vai que dá certo, não? Mas isso seria a missão do dia seguinte. Já era noite quando desligou o computador, com a sensação de dever cumprido. Desceu correndo para a sala e ligou a televisão, empolgado. O
rebolation já acabou, mas o Big Brother ainda não.
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