Fundamentos básicos da música ocidental
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Fundamentos básicos da música ocidental


Creio que não seria ilícito dizer que toda a música que o homem faz está diretamente relacionada aos intervalos de freqüência observado entre as notas musicais (freqüências definidas da onda sonora) e a um tipo de agradabilidade que esses intervalos entre as notas têm quando ouvidos por um ouvido humano, algo que é denominado harmonia.

O que aconteceu foi o seguinte: um sujeito -- sabe-se lá quem, sabe-se lá quando, sabe-se lá por que -- pegou um dia uma corda com uma certa tensão e tocou-a. Disso obteve um som. Esse mesmo sujeito tocou então a mesma corda segurando em sua metade e percebeu que o som era parecido. O que acontecia, na verdade, era que quando ele tocava a metade -- ou um terço, ou um quarto da corda, etc. -- eram produzidos sons que seguiam uma série aritmética de comprimentos de onda que eram 1, 1/2, 1/3, 1/4, 1/5, 1/6 do comprimento de onda original. Esses comprimentos de onda produziam então ondas sonoras com freqüências que eram, respectivamente, 2, 3, 4, 5 ou 6 vezes (dependendo de onde ele tocasse da corda) maiores que a freqüência fundamental produzida pela corda solta. (Clique aqui para ver uma figura sobre isso da Wikipedia.) Só explicando melhor: quando o sujeito toca a metade da corda, ele produz um onda sonora que tem metade do comprimento de onda e o dobro da freqüência.

Outro fator importante com relação à freqüência dessas notas, é que o ouvido humano capta impressões sonoras em escalas logarítmicas e, portanto, percebemos esses harmônicos como progressões geométricas, com 2, 4, 8, 16 ou 32 vezes. Assim, dobrar o número do harmônico (ou seja, o lugar onde se segura a corda para obter o som) significa dobrar a freqüência da nota (e dividir por dois o comprimento de onda) -- e a essa multiplicação exata da freqüência da onda sonora, o tal do sujeito deu o nome de oitava. Assim, quanto tocamos uma corda solta ou presa na metade, estamos produzindo ondas sonoras de freqüência dobrada que soam aos nossos ouvidos de forma agradável quando tocadas juntas. Quando dobramos, portanto, a freqüência da onda musical tocada, estamos escutando um intervalo de som que se decidiu denominar por oitava.

Muito bem. Sabemos agora qual é a base física de uma oitava musical. É hora de entender um pouco mais sobre harmonia. A harmonia está relacionada a um conjunto de notas (freqüências de ondas sonoras) que soa ao mesmo tempo durante uma canção popular; ou quando ouvimos uma orquestra -- ou mesmo a desarmônica música urbana. A harmonia tem também uma base física que pode ser explicada. O que torna uma harmonia agradável é a forma segundo a qual as ondas sonoras -- tocadas ao mesmo tempo -- se inter-relacionam. Para entendermos isso melhor, temos que voltar ao sujeito que esticou sua corda e tocou-a lá nos primórdios da humanidade. Se tivesse um bom ouvido, esse sujeito, teria percebido que ao tocar sua corda solta, a corda vibrava inicialmente em uma determinada freqüência -- mas essa freqüência se modificava ao longo do tempo, caso ele continuasse escutando a corda tocar e percebendo as frequências resultantes. É isso que forma o que chamamos de série harmônica. Portanto, uma corda quando tocada vibra inicialmente em uma certa freqüência e depois essa frequência vai se modificando -- tornando-se maior e produzindo outras notas. O conjunto dessas modificações na freqüência da corda tocada e as notas que vão surgindo é o que forma uma série harmônica. De uma forma que talvez um dia consigamos explicar fisicamente, consideramos que as freqüências de uma série harmônica soam bem aos nossos ouvidos.

E eis então que outro sujeito lá das antigas, percebendo essa propriedade do som -- provavelmente apenas ao "sentir" o som, ao invés de pensar toda essa teoria que agora descrevo -- dividiu os intervalos de freqüência do som audível em uma série que facilitava a produção dos harmônicos (as frequências produzidas durante uma série harmônica) e permitia fazer música agradável aos seus ouvidos e aos ouvidos dos humanos ao seu redor. E assim, provavelmente, iniciou-se a música ocidental.

O sujeito decidiu pegar o som de uma oitava e dividiu-o em 12 partes ou, mais corretamente, chamaremos de 12 intervalos entre freqüências de ondas sonoras. São esses os 12 semi-tons que definimos entre duas oitavas. Esses doze intervalos dentro de uma oitava se inter-relacionam de forma que, quando alguns são tocados juntos com outros, eles dão uma sensação de se ligarem de forma muito boa (intervalos perfeitos), boa (intervalos consonanates) ou nem tão boa assim (intervalos dissonantes). Essa qualidade está diretamente relacionada à série harmônica e os intervalos perfeitos são aqueles que primeiro aparecem quando se toca uma corda e observa-se como a freqüência original (uníssono) se transforma noutras freqüências subseqüentes. Antes de continuar esta exposição, é preciso que o leitor entenda os nomes dados pelos músicos a esses intervalos e a inter-relação harmônica entre eles. A tabela abaixo apresenta essas informações (tá lá em baixo mesmo, vai descendo aí a barra de rolagem... não sei pq, mas só apareceu lá em baixo, foi mal aí...):























































































Intervalo

Nome do intervalo

Qualidade harmônica

Semi-tom que exemplifica o intervalo (para a escala de C)

0

Uníssono

Perfeito

C

1

Segunda menor

Dissonante

C# (Dó sustenido)

2

Segunda Maior

Dissonante

D (Ré)

3

Terça menor

Consonante

D# (Ré sustenido)

4

Terça Maior

Consonante

E (Mi)

5

Quarta Justa

Perfeito

F (Fá)

6

Quarta aumentada (ou quinta diminuta)

Dissonante

F# (Fá sustenido)

7

Quinta Justa

Perfeito

G (Sol)

8

Quinta aumentada (ou sexta menor)

Consonante

G# (Sol sustenido)

9

Sexta Maior

Consonante

A (Lá)

10

Sétima menor

Dissonante

A# (Lá sustenido)

11

Sétima Maior

Dissonante

B (Si)

12

Oitava Justa

Perfeito

C (Dó, uma oitava acima do primeiro)


Assim, toda teoria musical se baseia nesses princípios e nesta relação harmônica entre as notas. A tabela apresenta a escala de Dó (C), entretanto se começarmos a escala em qualquer outra das 12 notas que compõem a música ocidental, a inter-relação dos mesmos intervalos (diferenças de freqüência entre semi-tons) continuará soando perfeito, consonante ou dissonante -- ainda que as notas sejam outras. Voltando à corda inicial que considerávamos, vale notar que as primeiras freqüências que se ouve na série harmônica são as freqüências chamadas de Perfeitas na Tabela. Portanto, quando tocamos uma corda, ouvimos primeiro ela ressoar em uníssono e, em seguida, ela ressoa nos intervalos correspondentes à oitava, quinta justa e quarta justa -- justamente os intervalos onde a qualidade harmônica é perfeita. Posteriormente, a corda ressoa em intervalos consonantes -- como a terça maior e terça menor -- e depois, de forma mais fraca e quase inaudível, nos intervalos dissonantes. Bem, esta é base para entendermos a música, a formação de acordes em instrumentos de base, as escalas musicais em instrumentos de solo e toda a relação de harmonia entre os sons.

Foi para mim muito proveitoso pegar o violão e ficar tocando oitavas (além de quintas e quartas e terças e segundas e sétimas e sextas, incessantemente) e percebendo como os sons realmente ressoam em conjunto e produzem uma harmonia agradável ou desagradável -- quando, por exemplo, duas notas uníssonas (ou perfeitas, ou consonantes, ou dissonantes) são tocadas ao mesmo tempo. Tenho mania de questionar os conhecimentos que aprendo e queria desconstruir esses conceitos de agradável e desagradável ao ouvido, mas não fui capaz. Realmente a teoria faz sentido.

Ainda estou aprendendo, mas prometo voltar aqui pra explicar um pouco mais sobre esta que me parece ser a arte mais científica que o homem já produziu. Viva a música!

Para saber mais, consulte a wikipedia:
-- Séries harmônicas
-- Harmonia
-- Harmônicos



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