A música no seu cérebro
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A música no seu cérebro



Promoção Pensamentos Fugazes e editora Civilização brasileira



Escreva um e-mail para chicopros @ uol . com . br contendo no título da mensagem "Promoção Música no seu Cérebro e Pensamentos Fugazes" e concorra a dois exemplares do livro de Daniel Levitin "A música no seu cérebro". Os livros serão enviados gratuitamente para você em qualquer lugar do Brasil. A data limite para o envio das mensagens é o dia do aniversário deste blogueiro: 20/05/2010 e o sorteio dos vencedores será realizado 25/05/2010 e apresentado aqui mesmo neste blogue. Boa sorte!

Introdução

Como amante da música e estudioso amador de neurobiologia e teoria musical, foi com prazer que descobri o livro "This is your brain on music: The Science of a Human Obsession" em fins de 2008. Morando na França, comprei a versão da obra em inglês e, em fevereiro de 2009 escrevi uma postagem sobre ela (que pode ser acessada clicando aqui). No mês passado, recebi uma mensagem de uma representante de marketing da editora Civilização Brasileira informando-me que o livro havia sido finalmente traduzido para o português. Dada a razoável publicidade deste blogue, a simpática editora Luiza Lewkowicz sugeria que eu escrevesse uma nova postagem aqui sobre a obra e me oferecia dois livros a serem sorteados entre os leitores deste blogue. Assim nasceu essa nova postagem que me permitiu reavaliar a obra de Levitin e repensar a neurobiologia da música descrita neste livro excelente e esclarecedor. O leitor pode comprar o livro ao clicar aqui (eu não ganho nada com isso).


O livro "A música no seu cérebro" do produtor musical e pesquisador da Universidade McGill (Canadá) Daniel Levitin explora a percepção musical do cérebro humano. Usando exemplos que vão de Mozart a Eminem, passando pelos Beatles, Jimmy Hendrix e Creedence, o autor faz uma investigação do papel da música ao longo da evolução da espécie humana e da história de nossa sociedade.


A música em seu cérebro

Levitin primeiramente introduz o leitor a diversas características da música e dos sons, garantindo logo no primeiro capítulo que o leitor será capaz de entender o restante do livro, que utiliza bastante do vocabulário introduzido. Baseando-se em grande exemplos do rock, como "Johnny Be Goode" e "Light my fire", Levitin explica as diferenças entre acordes maiores e menores, assim como a sonoridades esperadas em harmonias musicais. O fato de utilizar canções bastante conhecidas em seus exemplos facilita a compreensão de sua abordagem científica com relação à música.

Como cientista profissional e músico amador achei particularmente interessante a abordagem utilizada pelo autor ao comparar música e ciência, argumentando em que sentido ambos os empreendimentos são parecidos em sua prática cotidiana. Tanto na ciência quanto na música, argumenta Levitin, existem etapas criativas e exploratórias na busca de idéias, seguidas de etapas de teste experimental e refinamento que são realizadas utilizando métodos já classicamente padronizados. Nas duas atividades são necessárias máquinas e equipamentos adequados que devem ser operados com capacidade técnica exemplar e cujos resultados produzidos são abertos a diferentes interpretações. Cientista e artista vivem sempre em condições de re-execuções, re-interpretações e re-análise dos resultados de seus trabalhos. Parece-me claro entretanto que a música permite uma maior liberdade de criação do que o empreendimento científico, embora certamente o desenvolvimento de novas teorias em arte ou ciência são custosos de maneira semelhante e exigem grandes genialidades criativas associadas a uma disciplina rígida e empenhada em transformar todo o brainstorm inicial em um produto a ser descrito enquanto artigo científico ou gravação em estúdio.

A obra também nos fornece informações impressionantes sobre a indústria musical, que gera altíssimos dividendos à cultura norte-americana: "os americanos gastam mais dinheiro com música do que com sexo ou remédios", revela Levitin na página 13 de sua Introdução. Assim portanto é possível que os financiamentos e a aposta comercial em músicas que poderão vir a ser de sucesso sejam ainda mais ferrenhas do que aquelas feitas pelas indústrias farmacêuticas, embora talvez um único fármaco provavelmente renda mais do que uma única banda, com exemplares exceções, evidentemente.


Daniel Levitin (1957-) é um psicólogo cognitivo americano, neurocientista, produtor musical, músico e escritor. Tendo iniciado sua carreira como músico e produtor musical, Daniel esteve sempre interessado na forma como os seres humanos compreendem a música, tendo mais tarde em sua carreira decidido tornar-se pesquisador da área de neurobiologia e psicologia cognitiva relacionada à apreensão musical. Com a completude de um currículo em ambas as áreas e notável sensibilidade artística e intelectual, Daniel dá um show de multidisciplinaridade ao apresentar ao leigo informações sobre como compreendemos a música em nosso cérebro de primatas.


Particularmente, desde fevereiro de 2009 até hoje, fui membro de duas bandas amadoras de Rock 'n Roll e aos poucos minha percepção musical tem ficado mais aguçada, de forma que tenho podido ao longo dos anos compreender e aplicar melhor as idéias de Levitin em minhas próprias composições -- que ainda considero pobres musicalmente, mas que tendem a melhorar. A principal questão da música parece-me ter sido bem colocada pelo autor em toda a extensão de sua obra e está relacionada à questão -- já discutida na postagem original -- sobre a expectativa na música. Toda a questão da música se insere num contexto onde o músico joga com expectativas com relação ao ouvinte. Por vezes ele satisfaz expectativas ao seguir a harmonia melódica de maneira perfeita e, por outras, frustra as expectativas do ouvinte ao desviar os sons produzidos de uma conclusão esperada por uma tensão harmônica. Reproduzo aqui algo que havia escrito há cerca de ano e meio atrás sobre a questão:


Outro conceito importante que apreendi na leitura de "Seu cérebro musical" vem do fato de que nosso cérebro evoluiu de certa maneira a apresentar algum tipo de expectativa musical. Tal expectativa está relacionada à ordem que as notas soam em uma sequência harmônica e é interessante notar como o nosso "sistema sensorial pode restaurar informações faltantes que podem nos ajudar a tomar decisões rápidas em situações de risco". Da mesma forma como na figura abaixo temos uma ilusão de óptica ao vermos um triângulo que não está desenhado, temos também ilusões auditivas -- e quando uma sequência harmônica é tocada sem uma nota, nosso cérebro automaticamente a adiciona, sem que nos demos conta disso, de modo a completar a nota faltante e criar uma alucinação sonora. E é exatamente na modulação desta expectativa -- indo por vezes à favor e por vezes contra ela -- que identificamos os grandes compositores a trabalharem com os sons e, por conseguinte, com nossas emoções ao escutá-las. Levitin postula claramente: "A formação e então a manipulação de expectativas está no coração da música e é realizada de um número incontável de maneiras."


De forma a criar uma ilusão de óptica, nosso cérebro nos permite ver um triângulo, na figura, que não existe. Levitin mostra que da mesma forma que temos ilusões ópticas, temos também ilusões auditivas e sonoras, onde nosso cérebro "escuta" algo que não foi tocado. Uma dessas ilusões é exemplificada na música dos Beatles "Lady Madonna", onde temos a impressão de escutarmos saxofones numa parte da canção onde eles não estão presentes.



Além da expectativa da música, vale a pena ficar atento ao fato de que a música consiste simplesmente em trazer algum tipo de experiência sensorial agradável ao ouvinte. Com relação a este ponto -- embora o conhecimento de teoria musical ajude --, deve-se prezar ainda mais um certo tipo de sensação musical complexa e inexplicável que só nos pode ser trazida por algum verdadeiro artista da música. Parece-me inclusive que os grandes artistas são aqueles indivíduos que conseguem justamente reunir tal sensibilidade com uma capacidade técnica de reproduzir tais sons e, finalmente, uma capacidade intelectual em criar letras e rimas que componham de forma completa a experiência musical do ouvinte.

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Definitivamente apresentei outras apreciações mais interessantes em minha postagem original deste mesmo blogue publicada em fevereiro de 2009, cuja leitura recomendo: clique aqui para lê-la. Nela falo sobre como nosso desenvolvimento musical foi influenciado por uma seleção sexual darwiniana, além de tratar das definições de tipos de músicas sob uma óptica wittgensteiniana e sobre o quanto se deve estudar para se tornar um músico, considerando que todos nós já podemos nos considerar músicos iniciantes por termos justamente um aparato auditivo e cérebro característico da espécie Homo sapiens. Envie seu e-mail para concorrer ao livro e boa sorte!





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