Crônica sobre a rapidez do mundo
Coisas e Coisas

Crônica sobre a rapidez do mundo


Quem não tem um emprego tem, ao menos, tardes livres. Desempregado, consigo resolver certos problemas ideais para serem resolvidos em tardes comuns da semana, como ir ao banco renegociar os juros do cheque especial ou levar o meu Corsa Wind 97 modelo 98 a uma oficina mecânica para um sujeito cheio de graxa consertar o radiador furado.

Para fugir da loucura do fim de semana, decidi visitar a Bienal do Livro de São Paulo na tarde da última quinta-feira. Eu queria paz e tranqüilidade, mas embarquei numa aventura. O pavilhão do Anhembi tinha sido invadido por hordas de crianças com uniforme escolar que não respeitavam este jornalista velho. Aquilo parecia mais um parque de diversões do que uma feira de livros. Um dos estandes chegava a lembrar um brinquedo do Playcenter, do tipo visita à casa do terror, com direito a uma fila enorme e barulhenta.

Estava tão incomodado com aquela bagunça infanto-juvenil que, por um instante, eu, grande defensor da idéia de que os jovens precisam ler cada vez mais, mudei radicalmente a minha opinião. “Porra, por que essa molecada não está na Internet agora? Vão para os seus PCs, notes, celulares, MSNs, joguinhos on-line e me deixem em paz! Livro não dá futuro pra ninguém!”, pensei em gritar. Mas não gritei. O máximo que fiz foi me esquivar dos grupos que vinham em direção oposta, com medo de ser atropelado. E talvez pisoteado.

Aquela molecada tem uma velocidade assustadora e, no fundo, está perfeitamente conectada ao mundo, que é igualmente veloz. Eu é que fiquei velho e lento. Esta é a verdade. Os jovens fazem tudo muito freneticamente. À noite, em suas camas, devem até sonhar em apenas 140 caracteres. Mas a Bienal também me ensinou que, mesmo um pouco fora da realidade, o velho pode sobreviver e conviver com o novo, pois lá, em meio a tantas tecnologias, como audiolivros, e-books e Kindles, resistia, com bravura e dignidade, o estande da enciclopédia Barsa.



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