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TRANSFORMAÇÕES E TENDÊNCIAS DOS MEDIA EM PORTUGAL: O CASO DA IMPRENSA
Conforme escrevi ontem no blogue, Paulo Faustino, autor do livro
A Imprensa em Portugal. Transformações e tendências, teve uma intervenção na minha aula de Públicos e Audiências, na Universidade Católica (e que eu agradeço publicamente).
Para ele, "entre os aspectos mais relevantes que caracterizam o ambiente envolvente e que podem influenciar a actividade das empresas jornalísticas", destacam-se os seguintes: antecedentes históricos, espaço geográfico, evolução da situação demográfica, conjuntura económica, configuração legal e sócio-política, transformações tecnológicas, nível educativo e cultural, estrutura da instituição familiar e estilo de vida. Por seu lado, os aspectos mais directamente relacionados com a microenvolvente compõem-se de clientes, fornecedores e distribuidores, intermediários e concorrentes.
As empresas jornalísticas em Portugal estão sob pressão do mercado, considera Faustino, e "um dos principais constrangimentos ao seu desenvolvimento está relacionado com as crescentes dificuldades na obtenção de receitas da publicidade e como estimular os hábitos de leitura por parte dos públicos mais jovens". Como práticas de gestão mais racionais, ele considera que as empresas jornalísticas em Portugal "vão ter de enfrentar maiores desafios no contexto de um mercado cada vez mais competitivo e segmentado", o que obrigará "as empresas jornalísticas a terem uma atitude cada vez mais racional nas práticas de gestão e organização empresarial".
Um dos dados que mais me impressionou na comunicação de Faustino é o modo da distribuição dos jornais pelo país. Segundo ele, os "jornais nacionais têm pouca penetração fora dos grandes centros urbanos de Lisboa e Porto. O distrito de Lisboa é responsável por 37% do consumo deste tipo de jornais e o Porto por cerca de 25%. Estes dois mercados absorvem cerca de 63% do consumo total". Isto dá conta da assimetria do consumo no nosso país, modo que não parece alterar-se rapidamente.
Em jeito de balanço e prospectiva, Paulo Faustino elencou os seguintes elementos: 1) globalização (nos últimos cinco anos mais de 50% das revistas lançadas são versões internacionais com adaptação local), 2) concentração (mais de 60% do investimento publicitário na imprensa está concentrado em três editoras de jornais e revistas [ele defende que a questão da concentração, que está na ordem do dia, deve ser procurada em quem tem o domínio do investimento publicitário]), 3) diversificação (as empresas de imprensa têm vindo reforçar a sua presença nos vários segmentos de imprensa), 4) especialização (entre 1995 e 2004, o número de publicações aumentou em mais de 50% a sua presença no mercado), 5) multimedia (a essência do negócio tende a ser a difusão da informação independentemente do suporte de distribuição), 6) rendibilidade (as empresas de imprensa são pressionadas pelos sócios e pelo mercado a apresentarem maiores níveis de rendibilidade), 7) concorrência (crescimento e aumento da diversidade da oferta dos meios e dos suportes de comunicação publicitária), 8) marketing (a ênfase dada às práticas de gestão e marketing constitui-se como um importante factor de competitividade), 9) gratuitidade (a circulação das publicações gratuitas cresceu de 1997 para 2004 em mais de 500%), 10) publicidade (com as audiências a estagnarem, o peso e dependência da publicidade é cada vez maior como fonte de receita das publicações).
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