Coisas e Coisas


UMA TESE SOBRE TELEVISÃO

Luís Oliveira Martins defendeu a sua tese de mestrado, Mercados televisivos europeus. Causas e efeitos das novas formas de organização empresarial, na Universidade Católica Portuguesa, com a classificação de Muito Bom. O arguente foi, como escrevi noutro post, Manuel Pinto, da Universidade do Minho.

O autor analisou: 1) transformações nos mercados de comunicação social (desde 1980), 2) União Europeia: da paleotelevisão à neotelevisão, 3) concentração empresarial e pluralismo de conteúdos, 4) o mercado de televisão em Portugal, 5) desafios para o futuro. Em estudo, quatro vectores de mudança: 1) forte evolução tecnológica: novas formas de comunicação, como a televisão por satélite, por cabo e por rede digital ou ainda a internet, 2) movimentos de desregulamentação dos mercados: maior protagonismo dos agentes económicos privados, 3) formação de grandes grupos: as empresas actuam não só em vários segmentos de mercado (imprensa, rádio, televisão, internet) como em vários países (internacionalização), 4) surgimento de novas questões e preocupações: impacto da concentração empresarial nos conteúdos (pluralismo).

Características estruturais

Luís Oliveira Martins elencou os principais factores que levam à formação de grandes grupos de comunicação: 1) resposta à crescente concentração da indústria da publicidade, 2) exploração de economias de escala e de sinergias, 3) diversificação dos riscos de negócio, 4) procura de novas oportunidades em mercados diferentes, 5) aumento de quota de mercado e melhoria da capacidade de relacionamento com fornecedores e distribuidores, 6) causas não económicas (os gestores têm necessidade de novos desafios profissionais ou pretendem mais poder pessoal).

Considerou as principais estratégias de expansão empresarial: 1) crescimento horizontal: combinação de forças entre empresas situadas no mesmo estádio da oferta ou que operam exactamente no mesmo tipo de actividade, 2) crescimento vertical: expansão a jusante ou a montante do estádio da oferta do negócio principal, 3) crescimento diagonal: as empresas entram em novas actividades, num processo de diversificação multimedia, 4) internacionalização/globalização: as empresas tornam-se transnacionais, i.e. com presença em múltiplos países e, em alguns casos, com uma estrutura de gestão descentralizada.

E quis saber também os riscos associados aos movimentos de concentração: 1) aumento da complexidade da gestão: se as empresas crescem demasiado depressa, a sua gestão pode tornar-se difícil e ineficiente, 2) custos de coordenação interna: os grandes grupos podem ter de despender muitos recursos para assegurar uma adequada coordenação dos vários negócios, 3) excesso de endividamento: para financiar a sua expansão, as empresas podem recorrer excessivamente a dívida financeira, 4) “choque de culturas”: os sistemas de valores das empresas integradas no mesmo grupo podem colidir.

Televisão portuguesa: tendências recentes

De entre as principais, Luís Oliveira Martins conclui: 1) SIC e TVI lideram audiências: a primeira lidera audiências globais e a segunda lidera no prime-time (20h-24h), 2) projecto RTP em reestruturação: mudança de gestão, abertura da 2: a parcerias, racionalização de custos, 3) aposta em canais temáticos distribuídos por cabo: SIC-Notícias, SIC-Mulher, SIC-Radical, RTP-N, RTP-Memória, 4) rentabilidade do sector melhora em 2003/2004: SIC e TVI com lucros e RTP com redução de prejuízos.

Há, no quadro da União Europeia, os seguintes objectivos prioritários para os canais de sinal aberto: alcançar uma rentabilidade sustentada, clarificar o estatuto/missão dos prestadores de serviço público de televisão e concretizar a televisão digital terrestre. Já no terreno nacional, os objectivos são: 1) SIC e TVI concorrem com canais temáticos (TV Cabo), com diversificação de fontes de receita e estabilidade dos níveis de rentabilidade; 2) RTP consolida a missão da empresa, diversifica receitas e equilibra definitivamente das contas.

O agora mestre é professor no departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Nova de Lisboa. Sinto-me duplamente satisfeito: 1) este departamento foi onde eu fiz uma parte significativa do meu percurso universitário, 2) na sua tese, o aluno foi orientado por mim.



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