Aquela Dor
Coisas e Coisas

Aquela Dor








... um tipo de sensação inexplicável!


Era tudo que conseguia dizer sobre isso. Era mais ou menos sem explicação e ao mesmo tempo tão presente. Era algo que habitava, constantemente, seus sonhos. Habitava suas memórias. Habitava seus músculos e seu sangue. Era física. Era psíquica. Era.


Nunca soube ao certo quando começou. Desde que se conhece por gente, sentia. Não era confortável sentir. Melhor seria tornar-se incomum. Se é que ser "incomum" era não sentir. Não sabia ao certo. Quando olhava ao redor, todos pareciam estar sempre bem. Se alguém mais sentia a mesma coisa, sabia disfarçar muito bem. Porque essa sensação não era como uma dor comum. Como a dor da perda. Como a dor de uma desgraça. Já havia sentido essas também. Não... essa dor era diferente. Era algo que habitava, constantemente. Era algo que, como um lobo, espreitava sua vida. Lobo não, melhor seria dizer um vampiro. Pois, por mais que lutasse contra, essa coisa o consumia, como se sugasse seu sangue aos poucos. Não o suficiente para matar. Somente alimentava-se para continuar seguindo.


... um tipo de desconfiança inquestionável!


Foi o que sentiu quando, pela retina, percebeu que não estava só! Aquela maneira de olhar não era normal. Era um olhar de alguém que escondia algo. Era um olhar de alguém que também sofria. Era a memória do corpo que ia sendo esculpida pela agonia de não saber o "por que"? Pela primeira vez sentiu-se feliz... não estava só! Havia encontrado alguém em quem pudesse se apoiar nos momentos de maior fraqueza. Havia encontrado alguém com quem poderia compartilhar suas desconfianças. Havia encontrado alguém. E havia sido encontrado também. Tinha certeza absoluta que o que os havia atraído era a dor que compartiam. ninguém mais poderia compreender tão facilmente seus estados de humor. Suas mudanças repentinas de pressão. Suas escolhas tão incomuns. Não era mais necessário fingir. Não era mais necessário medicar-se. Não era mais necessário "não-ser". Era, enfim, a solução.





... um tipo de descoberta insuportável!



É quando se percebe que o que você viu no outro foi somente o que você quis ver! É quando se percebe que, na verdade, você quis transformar o outro num espelho. E é ainda pior quando você é o responsável pela descoberta. Quando, mesmo a contragosto do outro, você insiste em uma conversa estúpida. Uma conversa fora de hora e de ordem. Uma conversa que só serviria para afirmar suas estúpidas necessidades de igualar-se. Uma conversa que nunca deveria ter existido. Uma conversa em que você descobre que aquela dor, a sua dor, ainda é diferente de todas as outras dores. E que, o que você acreditava ter encontrado, era na verdade apenas uma perda comum. Apenas a dor de uma simples perda. Terrível e estúpida, com certeza. Mas, apenas uma dor comum.



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