Coisas e Coisas
Aconchego
Quando ele abriu a porta, não sabia, com toda certeza, onde estava entrando e de que maneira aquela ação repercutiria em sua vida. Ele queria apenas entrar em um lugar para esconder-se do frio. Sim, eu não havia dito antes, mas faz muito frio lá fora. O que importa, no caso, é que ele tenha entrado. Ele havia deixado para trás outros lugares que não pretendia voltar. Não porque não pudesse, mas porque não queria. Ele entrou porque era a única opção possível no momento. Era entrar ou morrer congelado. Será? Ele nem pensou se, mais a frente, haveria outras portas. Ele entrou, é o que importa, eu pensava. Ele entrou.
A sala, vazia. Uma lareira, como essas dos filmes, acesa. Calor, era o que ele pedia. Calor, ali dentro, ele tinha. Fechou a porta atrás de si. Não escutou, e nem tentou escutar, os ruídos. Sim, eu não havia dito antes, mas havia ruídos estranhos. Sua audição estava congelada e sua visão só sentia o calor do fogo. O calor era tudo o que ele precisava. O calor era o que importava. Com pressa de sentir sobre a pele o calor, tirou toda a roupa e jogou-a em um canto. O calor, sobre a pele, é o que importa, pensava.
O piso, de madeira. Não era o lugar mais aconchegante do mundo. Não. Mas o calor era tão intenso que sua pele agradecia. A mudança de temperatura, do frio congelante ao calor intenso, fez com que seu corpo relaxasse. O sono tomou-lhe de assalto. Esse era seu momento mais indefeso dos últimos tempos. Pela primeira vez ele deixou-se vulnerável. Nunca saberemos se ele não ouvia os ruídos. Nunca saberemos se ele apenas não se importava mais com os ruídos. A única coisa que ele pensava era no calor. Há muito sentia falta do calor. Não iria desperdiçar sua chance, pensava.
O que vou contar agora ele nunca ficou sabendo. Já era de se esperar que a casa não fosse abandonada. Havia mais alguém nela. Uma presença que nem importa especificarmos. Ela, a presença, quando entrou na sala, já o encontrou dormindo. Nu. Em frente ao fogo. E ao contrário do que se poderia imaginar, ela (a presença) não gritou. Não se assustou. Não se admirou. Tudo parecia natural. Enquanto ele dormia, ela o observava. E ela o observou durante um bom tempo. Ela percebeu sua respiração. Ela percebeu que ele sentia falta de algo. Ela percebeu que ele já tinha errado muito. Ela percebeu que ele, em algum lugar, sofria. Ela percebeu que ele, em algum lugar, era solitário. Ela, percebeu!
Quando ele despertou, o calor ainda persistia. Ele abriu os olhos e olhou na direção da lareira. Apagada. Ele olhou para a rua e a tempestade de neve continuava. Fazia frio lá fora. Ele continuava nu. Então, percebeu que um braço estava envolvendo sua cintura. Um braço. De alguém. Alguém lhe abraçava. Seu corpo estava envolvido por outro corpo. Também nu. Também quente. Suas costas estavam aquecidas por outro peito. Suas pernas estavam aquecidas por outras pernas, entrelaçadas. Seu primeiro impulso foi levantar e gritar. Mas, o contato era tão calmo e bom. Calmo e bom. Como nunca havia sido antes.
E assim ficaram... por cem dias...
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