Coisas e Coisas
Sobre a minha liberdade como escritor
Tenho uma certa liberdade de escrever coisas às vezes um tanto quanto subversivas, porque sei que ninguém vai me ler mesmo. Chego lá no meu outro blog mais oficial que este e falo um monte de coisas que a maioria das pessoas discordaria. Mas tá tudo ali no meio de relatos do cotidiano e sei muito bem que a grande maioria das pessoas que entram não têm paciência pra ler tudo que escrevo. Então me sinto livre pra escrever o que eu quiser. Se eu soubesse que meus amigos ou familiares fossem chegar ali e ler tudo, tim-tim por tim-tim, não sei se publicaria essas coisas. Acho que ficaria com vergonha, ficaria com um pé atrás, com medo de mexer em seus mais arraigados valores. Mas como sei que a maioria não lê, então tenho liberdade.
Ao mesmo tempo, não tenho muita vontade de escrever as coisas e guardar pra mim, gosto de publicar pra mesmo uma ou outra pessoa que deseje perder seu tempo a ler essas abobrinhas. A arte tem algo de exibicionista, diria o Chico Buarque. Dá até pra guardar e tenho sim um ou outro texto jamais publicados. Mas dá uma pena, você vê que o texto quer se mostrar. Ele tem sua vontade própria, seu desejo memeticamente egoísta de ser publicado, sei lá.
Enfim, você pode não considerar que essas bostas de textos que escrevo não sejam arte, mas eu considero mais ou menos por aí e isso me basta. São ao menos uma forma livre de expressão que beira a poesia e se inspira nos relatos da natureza e do cotidiano. Chame de "bobagens de blog" se quiser, para mim têm algo de arte e quando me leio depois de um tempo, essa leitura me trás de volta um pouco daquilo que vivi e dos questionamentos que tinha em uma certa época da vida: estou sempre cheio de questionamentos.
Mas para mim é difícil conseguir me expressar em palavras sem ir contra a ortodoxia ou sem ferir os sentimentos, valores e morais de alguns -- ou muitos. Já tive um pseudônimo e publicava com nome de outro os textos que achava um pouco mais subversivos, eróticos ou simplesmente idiotas e despropositados. Às vezes dá vontade de continuar a escrever sob pseudônimos, mas a maior liberdade que tenho é a de saber que ninguém me lê mesmo. É a liberdade da multidão, é a liberdade da super-informação em épocas de internet e do pouco tempo das pessoas para fazerem leituras apuradas de textos escritos por um cara que mal conhecem ou que já conhecem suficiente bem. Viva o mundo moderno!
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