O "jornalismo" do Ratinho voltou
Coisas e Coisas

O "jornalismo" do Ratinho voltou


Semanas atrás, li no jornal que Ratinho, vulgo Carlos Massa, voltaria à TV depois de um longo período na geladeira do seu Silvio. A matéria destacava que o novo programa não teria nada do antigo circo dos horrores, mas, sim, um “cunho jornalístico”. Aquelas palavras me deram calafrio. Isso mesmo, amigos, Ratinho, que se auto-intitula o “defensor do povo brasileiro”, estava voltando, para fazer jornalismo. E no SBT.

A estréia de Ratinho foi na última segunda-feira. Liguei a televisão para conferir, afinal, como estou desempregado, me sobra tempo para o ócio e me falta dinheiro para assinar uma TV a cabo. O jornalismo de Carlos Massa me lembrou seu “190 Urgente”, que passava na CNT nos anos 90, mas sem o famoso cassetete. Nada de novo. Muita matéria policial, recheada de escracho. Numa reportagem sobre a apreensão de um caminhão carregado de maconha, o apresentador soltou essa: “Também o que tem de maconheiro por aí. Só aqui no SBT tem um monte”. É impossível não rir de suas pérolas.

Escrevi, há pouco tempo, um post sobre o finado Notícias Populares, um jornal que, apesar de alguns exageros, tinha sacadas criativas e bem-humoradas. Gosto do lado B, mas Ratinho passa dos limites muito mais do que o NP passava.

Com exceção de alguns poucos minutos de matérias mais digeríveis, o resto era só baixaria, apoiada por uma platéia ensandecida, uma bandinha típica de circo mambembe e as intervenções pitorescas do rato Xaropinho. O “cunho jornalístico” de Ratinho está mais para um programa de humor. De quinta categoria.

A estréia fechou com uma reportagem sobre o menino-cachorro da Guatemala, um jovem com aparente distúrbio mental que age como um bicho nas ruas, dando cabeçada em tudo o que vê pela frente e assustando a criançada do povoado. A reportagem ouviu religiosos, insinuando que o garoto estava possuído pelo capeta. Matéria grotesca, mas Ratinho fez questão de exaltar o caráter de seriedade da reportagem. “Aqui não tem baixaria, não. Baixaria é lá no programa do Datena”.



loading...

- Jornalista, Pai
Pai é quem cria. Quem cria o texto. Está tudo lá, os genes bons, as doenças hereditárias de sua escrita. Matéria assinada é registro em cartório. Texto sem crédito é texto sem pai. Sujeito a teste de DNA no Ratinho. O pai, o “quem cria”,...

- A Mentira Que A Vaidade Do Jornalista Quer
Era um Gol simples, sem qualquer charme e com alguns amassados na lataria, mas os adesivos nas portas e no vidro traseiro conferiam ao carro um outro status. Aliás, não eram exatamente os adesivos, mas aquela palavra de dez letras que estava nos adesivos:...

- Somos Um Caso Perdido?
Um novo delírio de Duda Rangel: uma tarde qualquer na sede da Associação dos Jornalistas que Amam Demais a Profissão. Olá, boa tarde a todos. Meu nome é Teodoro Alencar ou Téo Alencar, como eu costumo assinar as minhas matérias. Aliás, adoro...

- Travessura De Velho
As ilusões do jovem jornalista são prejudiciais à saúde. No verso da ficha de inscrição das faculdades de jornalismo, o Ministério da Saúde deveria fazer tal advertência. Crenças num poder ilimitado de mudar o mundo ou numa vida cheia de glamour...

- Imprensa Retrô 2009
O diploma caiu. A violência contra os jornalistas subiu. A Globo brigou com a Record. A Record brigou com a Globo. Duas jornalistas quase saíram no tapa por uma entrevista. A Gazeta Mercantil morreu. A Silvia Poppovic ressuscitou. O “jornalismo”...



Coisas e Coisas








.