FEDRA
Coisas e Coisas

FEDRA


A peça de Racine, aqui traduzida por Vasco Graça Moura, conta a trágica história de Fedra (Beatriz Batarda), que se apaixona por Hipólito (Pedro Carmo), seu enteado, no momento em que Teseu (Alexandre de Sousa), marido daquela e pai deste, foi considerado morto, após uma longa viagem. Hipólito desprezou Fedra e Teseu acabaria por aparecer.



No texto incluído no desdobrável que acompanha a peça, Vasco Graça Moura fala da peça como pertencendo ao "teatro para ler", com texto em poesia, o que torna difícil a adaptação para os nossos tempos (para actores e espectadores). Isso verificou-se na fria recepção do público (a segunda salva de palmas, na representação de ontem à noite, surgiu porque as actrizes Sara Carinhas (Arícia) e Kjersti Kaasa (Isménia) apareceram no palco em tempo oportuno - nunca estivera integrado num público tão alheado.

Ouvi críticas cá fora, que considerei justas: o texto ouve-se muito mal, em especial nos primeiros diálogos. Com as personagens sempre em grande tensão, próximas da parede, e no fundo do palco, com representação muito estática, devido à história, a peça é muito "dura" e menos perceptível do que o desejável.

Uma correcção que os actores e actrizes terão de fazer se querem que a peça corra bem até 18 de Fevereiro.

Gostei do cenário. A parte da esquerda lembrou-me a pintura de Giorgio de Chirico. E, no primeiro diálogo em que entra Beatriz Batarda, o nome principal na peça, quando recebia uma raio de luz pela esquerda, lembrei-me dos pintores pré-rafaelistas. A porta ao fundo do cenário organiza adequadamente o espaço, em termos de profundidade, cor e dramatismo. Já não percebi tão bem os grafismos no chão.



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