Coisas e Coisas
Esta noite improvisa-se
O ano passado tinha visto a peça de Luigi Pirandello no Teatro Helena Sá e Costa (Porto), com encenação de Nuno Carinhas em exercício de alunos finalistas de teatro da ESMAE (Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo).
Agora, foi a vez de uma coprodução do Teatro Expandido! e do Teatro Municipal do Porto (Campo Alegre) [de onde retirei a imagem] em ensaios consecutivos, o primeiro dos quais decorreu hoje. Em texto que acompanha a peça, esta "reflete a vaga de fundo que une a representação e a realidade, colocando em crise todas as funções convencionais do fazer teatral".
Com tradução de Luís Miguel Cintra e Osório Mateus, fomos até à cave, às oficinas do Teatro Municipal Campo Alegre, onde os jovens atores e atrizes desempenhavam as suas falas à volta de uma mesa grande, com o público à volta, sentado ou em pé. O cerne da peça é a proposta de um encenador que propõe aos seus atores uma improvisação a partir da novela de Pirandello,
Leonora, Addio!, diante dos espectadores em dia de estreia. A família La Croce, constituída pela mãe casamenteira de quatro filhas em idade de casar e um pai entregue a prazeres extra matrimoniais. Uma das filhas, Mommina, sonhava vir a cantar Verdi em grandes teatros mas acabou fechada em casa.
O que mais gostei foi a dádiva dos jovens intérpretes (Ricardo Bueno e 16 participantes), sempre disponíveis para repetir as falas a partir de deixas que o encenador João Sousa Cardoso estava sempre a incitar. Deste grupo, eu vira o ensaio geral
O Cerejal de Tchekhov em Fevereiro passado, em modelo semelhante de ensaio sem representação clássica no palco. É a ideia de oficina, que deixa a ver os utensílios e o lento entrosar das personagens, diversas vezes com mudança de participante para experimentar vozes, posições e gestos, e um momento de pausa e catarse, com a passagem de uma música dançável para os intérpretes, hoje extensível aos espectadores. Mais dois apontamentos, o primeiro para dizer que há um meta-ensaio: o ensaio de uma improvisação. O segundo para referir o duplo papel do encenador: além do seu trabalho específico na peça, foi ele a mandar embora o público no final do ensaio.
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