O Bem, o Mal e o Assim-Assim
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O Bem, o Mal e o Assim-Assim


O Bem, o Mal e o Assim-Assim, de Gonçalo M. Tavares, encenado por João Luiz, dramaturgia de Maria João Reynaud, e apresentado no Teatro Carlos Alberto (Porto), não é um texto que me tivesse satisfeito muito. O crítico do jornal Expresso escreve que as duas "excelências intelectuais" (os protagonistas da peça: Rui Sprangler e Valdemar Santos) recuperam a "tradição dos diálogos clássicos gregos, mas fazem-no de uma forma pós-moderna, com pensamentos sarcásticos e que agridem a passividade de uma sociedade contemporânea desprovida de causas e ideais". Eu não senti o discurso pós-moderno, mas a falha é minha. Não sou crítico mas apenas um escrevinhador que gosta de teatro. Talvez a dificuldade foi constituir unidade a partir de um conjunto de 15 textos.

A meu ver, o que salva a peça é a encenação, que interrompe os diálogos algumas vezes e por escassos instantes, e com as personagens a mudar de lugar no palco, de modo a não aumentar o tédio de quem assiste. Beckett, como se lê no programa, parece inspirar o autor do texto. A intervenção de Patrícia Queirós, percussão (e cordas) a partir de música de Pedro Junqueira Maia, representa um elemento muito interessante na peça. De vez em quando, lembrei-me de música oriental, em especial associada a templos budistas. Isso, na minha perspetiva, ajuda também a ultrapassar problemas da história da peça. 

Claro que o meu ponto de vista é discutível. Não vi problemas políticos e sociais subjacentes. Estava distraído. Mas posso criticar a peça e uma texto escrito sobre ela, que me espantou muito mas não atribuível a nenhum dos responsáveis da peça: "um pequeno grupo de personagens troca argumentos acerca da natureza do bem e do mal". São dois atores apenas.



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