Fantasmas
Coisas e Coisas

Fantasmas


Antes de entrar para a grande imprensa, mais precisamente em hard news, sentia um frio na barriga só de pensar no tal calhau. Ficava imaginando o que aconteceria comigo se um dia eu não entregasse uma matéria a tempo para o fechamento e, em seu lugar, entrasse um anúncio publicitário. Seria chicoteado em plena redação pelo meu atraso, sob o olhar de sadismo de meus colegas? Demitido por justa causa? Teria meu mísero salário reduzido pela metade?

O fantasma do calhau foi para o início de minha carreira de jornalista o mesmo que o monstro embaixo da cama e a loira do banheiro foram para a minha infância. No caso da loira do banheiro, eu até torcia para ela aparecer de vez em quando, coisa que nunca aconteceu.

Descobri, com o tempo, que anúncio publicitário é até bom. Garante a sobrevivência das empresas de comunicação e, por tabela, a dos jornalistas. O problema para nós, escribas, é quando o espaço dos anúncios começa a invadir o do editorial. Quantas vezes cheguei à redação e vi minha matéria de 50 linhas ser reduzida a uma de 20. Como bem filosofou Beaverbrook, antigo barão da imprensa: “Jornalismo é tudo aquilo que consigo enfiar entre um anúncio e outro”.

Assim como na redação, o departamento comercial dos jornais deve ter o seu “calhau”. Imagino o chefe da área gritando para seus subordinados: “Quem não conseguir fechar sua cota de anúncios até as 14 horas vai se dar mal. Os editores terão de colocar alguma matéria no lugar”. Pobres vendedores de anúncios. Eles também padecem com seus fantasmas.



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