ECONOMIA INFORMATIVA DA ABUNDÂNCIA (II)
Coisas e Coisas

ECONOMIA INFORMATIVA DA ABUNDÂNCIA (II)


[continuação]

Para Anthony Smith, o aparecimento de um novo meio traduz-se na procura da abundância e na imagem do consumidor individual. Muitos dos novos aparelhos electrónicos trazem armazenamento e distribuição de texto, o mesmo acontecendo com aparelhos de imagens fixas ou em movimento, com processamento e armazenamento de dados.

Há dois desenvolvimentos distintos. O princípio Gutenberguiano, firmemente enraizado na cultura, dava conta da ideia da informação ser naturalmente multiplicada em cópias físicas até que o número de cópias se aproximasse do número de pessoas que desejavam recebê-la. Com o audiovisual, o princípio Gutenberguiano desapareceu, surgindo o princípio Alexandrino. Neste, uma única cópia existe na gravação original ou no espectáculo ao vivo, alcançando a sua audiência sob a forma não-material. Uma gravação física pode ser gerada no recipiente individual mas está ausente a multiplicação em massa de matéria física, como o jornal ou o livro. Usa-se a imagem de Alexandria porque ela sugere um grande armazém de material considerado totalmente idêntico, e avaliado apenas por aqueles que a escolhem.

Uma base de dados moderna é, em certo sentido, a versão electrónica do princípio, onde o material se adiciona a um armazém central de acordo com métodos fixos e aceites. No campo das imagens em movimento, o mundo constrói-se como armazém de materiais creditados, com a rede de transmissão a servir de sistemas de distribuição. Num sistema de banda larga, um indivíduo pode escolher a disseminação electrónica de um só item dentro de um conjunto vasto de produtos vídeo.

Um outro aspecto do princípio Gutenberguiano dissolvente é que a distância tivera um papel na fixação do custo da comunicação de qualquer tipo. Com a emergência de um sistema electrónico torna-se cada vez mais claro que a distância é um factor de decrescente peso no custo, quer em termos de recolher a informação quer em redistribui-la. Apesar da atmosfera de mudança efervescente que pontua a vida dos media de informação, as tecnologias básicas e as formas de conteúdo têm mudado muito lentamente. Pode-se olhar, por exemplo, para a novela e o jornal como emanações directas da imprensa e notar como cada uma mudou num século. A película cinematográfica, estabelecida em 1897, permanece semelhante nos dias de hoje. O desenvolvimento do celulóide acabou no final da década de 1880 e a fita cinematográfica começou a ser experimentada em 1895.

Um jornal impresso em qualquer língua numa mesma data é semelhante em qualquer parte do mundo, com muitos conteúdos semelhantes – puzzles, notícias, editoriais, recensões. A rádio e a televisão desenvolveram-se mais rapidamente. Mas, para cada novo desenvolvimento - da válvula ao tubo de raios catódicos, do sinal a cores até aos transístores e cabos –, foi necessário mais de 15 anos para se afirmar no mercado. Em todos os novos media, a parcela de investimento correspondente à audiência é cada vez mais elevada, e as empresas de equipamentos são as mais interessadas nesse desenvolvimento. A audiência tem de comprar ou alugar o receptor e o gravador, o descodificador de cabo, a caixa do videotexto. Com a chegada da televisão por satélite, o custo unitário cresce substancialmente.



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