Coisas e Coisas
Circo Média
Li na notícia: "Senhoras e senhores, meninas e meninos, o espectáculo está prestes a começar". Comecei a apurar a leitura: "Júlia Pinheiro e José Pedro Vasconcelos são os anfitriões do programa, coadjuvados por Vítor Hugo Cardinalli que terá também a seu cargo a direção do circo". Também li a notícia: "Trupe Circo média". Não, estas não eram as notícias que eu queria ler.
E procurei melhor, pois queria saber mais das histórias de Viriato, Irene, Lina, Lucy, Rúben, Eva Celina e Cassandra. Cheguei à página do Teatro Bocage e não vi senão o cartaz. Propus-me então reconstituir o percurso e a história, embora com o meu pouco engenho.
O Teatro Bocage comemorou ontem dez anos de existência. Ele fica na rua Manuel Soares Guedes, 13 A, à Rua Damasceno Monteiro, em Lisboa. Entre as suas atividades, desenvolve um curso destinado a quem se quer divertir com "improvisações, jogos e dinâmicas de grupo, relaxamento e construção de personagens" e construção de "um espetáculo de raiz, criando o próprio texto, a cenografia, os figurinos, os adereços, o desenho de luz e a música", trabalhando "a contracena, a relação espaço-actor, a voz e o corpo, sempre num ambiente descontraído, propício à libertação da criatividade", segundo a informação disponível nesse sítio. Durante o dia, os artistas trabalham em escritórios, em fábricas, em escolas, no próprio teatro, e encontram-se às terças-feiras à noite para a preparação de uma peça. O resultado dessa atividade começou a ser visto ontem.
Palhaços, focas amestradas, a mulher que entra numa caixa e desaparece por magia, as cantigas, o patrão do circo (cuja mulher, trapezista, fugiu com o domador de cavalos) a resolver sempre problemas como o corte de eletricidade, a
madama (a que deita cartas para adivinhar o futuro), o jovem que faz cartazes e anúncios do circo e se engana sistematicamente mas acha ter força para dirigir o circo, a mulher barbuda com um forte sotaque açoriano e que intriga o resto da tribo circense. A peça não devia ter estreado ontem mas, por engano de Rúben, o público apareceu. E, logo à entrada da sala, alguns dos intérpretes gritam entre si, querem mandar o público embora, apenas fazer o ensaio geral. Por isso, as focas ainda não tinham sido disponibilizadas, elas que estavam no aquário Vasco da Gama.
Os papéis foram desempenhados por Carmo Franco, Fátima Bartolomeu, Filipa Roldão, Inês Santos A., José Pereira, Miguel Santos e Sara Maia. Encenadora: Maria João Miguel, mestre em Encenação pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Diretor do teatro: Carlos Cardadeiro (na fotografia, o agradecimento do diretor, encenadora e atores, no final da representação).
O Teatro do Bocage é um teatro de bairro, orienta-se para públicos específicos, nomeadamente o infantil, com peças a apresentar conforme o desejo de espetadores coletivos como escolas. Tem, por isso, uma grande proximidade à freguesia de Arroios e aos seus habitantes. A peça em representação, durante apenas três dias, revela essa dinâmica de relação popular e de grande entusiasmo e adesão.
Obrigado pelo tempo e dedicação que deram aos espectadores.
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