Coisas e Coisas
A minha retrospectiva
Quando eu ainda era uma criança inocente, sem pêlos no saco, descobri minha paixão pelo jornalismo. Eu adorava acompanhar, entre o Natal e o réveillon, o noticiário da TV com o resumão dos acontecimentos do ano. Achava aquilo o máximo. Enquanto meus coleguinhas de escola sonhavam ser astronautas, pilotos de Fórmula 1 ou galãs de cinema, eu queria ser apresentador de retrospectiva. Meus pais não entendiam muito bem a minha escolha. "Pô, Dudinha, apresentador de retrospectiva?”
Era o despertar de um jornalista. Ao longo do ano, eu guardava jornais e revistas com informações sobre o Brasil e o mundo – nessa época, não havia descoberto ainda a
Playboy, a
Ele&Ela e as preciosidades suecas. Lia tudo o que podia, selecionava os fatos mais importantes, definia a pauta do programa, editava os textos e redigia as laudas para leitura. Tudo isso muitos anos antes de aprender jornalismo na faculdade. Me preparava para o grande dia: a apresentação da minha retrospectiva, que podia ser feita em qualquer parte da casa, desde que existisse uma mesa para ser a bancada.
Eu usava o paletó de um terno emprestado de meu pai, gigante para mim. Na parte de baixo, apenas bermuda e chinelos, afinal era assim que diziam que trabalhavam os apresentadores de TV. Adotei óculos, para dar mais seriedade ao trabalho. Não havia câmeras na minha frente; apenas uma platéia, ao vivo, composta por parentes e alguns amigos da família. Gente que fazia o maior esforço para estar ali.
– Esse menino diz que seu sonho é ser jornalista. Isso é coisa de vagabundo! Ele não quer é estudar – murmurava uma tia solteirona, pelos cantos da casa.
Um dos meus maiores apoiadores era meu avô, que se dizia um visionário.
– Esse moleque ainda vai ser um jornalista famoso, trabalhar na Globo e comer toda a mulherada.
Como ele vibrava com o meu “boa noite” na abertura de cada edição do resumão de notícias, ano após ano. Para mim, aquele era também um momento mágico.
Aos poucos, a platéia e o meu desejo de apresentar retrospectivas foram diminuindo. Com o crescimento dos pêlos no saco, meus interesses de fim de ano mudaram. O programa acabou, mas mantive viva a paixão pelo jornalismo, com a esperança de um dia cumprir a profecia do vovô.
loading...
-
O Que Vi Da Vida De Jornalista
Duda Rangel dá um depoimento corajoso, revelador e, claro, sensacionalista pra cacete. O começo Eu estava no trem e vi um cara lendo um jornal de cabeça pra baixo. Eu me interessei por aquilo. Ele percebeu meu interesse e perguntou: quantos anos você...
-
Como Desabrocha Um Jornalista
Felipe, da 4ª série B, ganhou o concurso de redação e ouviu da tia Jane que tinha jeito para a coisa. Passou a escrever de tudo, de contos de aventura a cartinhas de amor, até chegar às grandes reportagens e aos torpedos à mulher (avisando que...
-
Sobre Os Plantões Jornalísticos E O Amor
Primeira parte – O baile de carnaval Cris achou que ele estava fantasiado de repórter com aquele colete de imprensa. - Ah, não é fantasia? - Não. Eu não sou folião. Sou jornalista. Tô aqui trabalhando. - Nossa, não sabia que beijar o pescoço...
-
Ser Jornalista Ou Não Ser?
O meu pai, claro, acha loucura. Gustavo, jornalista é igual a jogador de futebol. Só meia dúzia se dá bem nessa vida. O resto rala. Tem tanta profissão que dá mais futuro, meu filho, sei lá, presta concurso pra Petrobrás, pro Banco do Brasil....
-
Ricardão, O Mais Temido Pelos Jornalistas
São vários os riscos a que um jornalista está exposto em seu árduo trabalho. E, de todos, o que mais assusta os nossos nobres colegas de profissão é o risco de levar um chifre enquanto se está em um interminável plantão. É o que mostrou o resultado...
Coisas e Coisas