Coisas e Coisas
Como desabrocha um jornalista
Felipe, da 4ª série B, ganhou o concurso de redação e ouviu da tia Jane que tinha jeito para a coisa. Passou a escrever de tudo, de contos de aventura a cartinhas de amor, até chegar às grandes reportagens e aos torpedos à mulher (avisando que deixaria a redação bem tarde).
Luis Fernando criou, ainda garoto, um jornal com notícias da família. Tinha a irmã como parceira. Penduravam o periódico,
O Patentino, numa parede do banheiro de casa.
Roberta tinha 13 anos quando o descaso da rede pública de saúde roubou a vida de sua mãe. Decidiu que lutaria por um mundo mais digno. Sem grana e apoio, estudou, virou jornalista. Sabe que não mudará o mundo, mas fica feliz com as pequenas transformações.
Daniela leu (com dificuldade) a embalagem do Toddynho que falava sobre a profissão, refletiu (também com dificuldade) e decidiu: seria jornalista. “Se nada der certo, eu viro hippie ou, sei lá, caso com um homem rico, tipo dono de emissora de TV.”
Luiza cresceu ouvindo o
Jornal da Manhã com o pai, todos os dias, tomando café com leite. “Vambora pra escola, minha filha, olha a hora”, ele brincava. Num desses dias, ela profetizou: “O senhor ainda vai acordar com a minha voz”.
Bill, motorista de carro de reportagem, começou a levar uma máquina fotográfica amadora nas saídas para as pautas. Registrava o trabalho dos amigos jornalistas. Suas fotos ganharam a primeira página do jornal. Ele ganhou elogios, exposições, um novo horizonte.
Carlos Eduardo, todo mês de dezembro de sua infância, vestia o paletó gigante do pai e apresentava a retrospectiva do ano à família, numa bancada de telejornal improvisada na sala de casa. Os primos desdenhavam, a tia gorda roncava, mas nada desmotivou o menino.
João Paulo nasceu jornalista. E sob orientação divina. “Meu filho, terás uma missão importante neste mundo, lutarás por justiça, falarás apenas a verdade. Mas, atenção, não descansarás muito no sétimo dia, como Eu descansei, porque terás o maldito plantão”.
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Meus Favoritos
Todo jornalista tem sua matéria favorita. Guardadinha na caixa de sapatos, no agadê, nas lembranças. A matéria que deu mais tesão fazer, suor danado, a que mais barulho causou. Todo jornalista tem sua editoria favorita. Tem gente alucinada por Cultura,...
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Por Que Um Ser Humano Aparentemente Normal Decide Ser Jornalista?
Porque ele nunca foi bom nessa coisa de álgebra, geometria plana, progressões aritméticas. Porque ele acredita em cartomante, no Guia do Estudante, em teste vocacional. Porque Deus estava de folga quando ele decidiu prestar o vestibular. Porque o anjo...
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Adesivos Para Carros De Jornalista (se Ele Conseguir Ter Um Carro, Claro)
Eu acredito em imprensa livre (e em duendes). Rastreado por um chefe de reportagem chato pra cacete. Como estou escrevendo? Bem? Muito bem? Não sou o dono do mundo, mas tenho a carteira da Fenaj. Meu outro carro é o de reportagem. Redação: unidade...
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Mãe De Jornalista
Em homenagem ao Dia das Mães, um post para relembrar. Mãe de jornalista é mais preocupada do que todas as outras mães preocupadas do mundo. Meu filho, se for pro morro cobrir guerra entre polícia e traficante, não esquece de levar o colete à prova...
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Crônica Sobre O Nome Composto
- Carlos Eduardo, chega aqui, por favor, chamou meu editor. Eu, foca, segundo dia de trabalho na redação, fui imediatamente. - Me diz uma coisa: como você vai assinar a matéria? Carlos Eduardo Rangel mesmo? - Duda Rangel. Vou assinar Duda Rangel....
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