A ditadura da centimetragem
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A ditadura da centimetragem


Mensurar o resultado de um trabalho de assessoria de imprensa, a tal exposição na mídia, é algo tão polêmico como discutir futebol, política, religião e o Big Brother. E precisamos mensurar, para convencer quem tem a grana de que o nosso trabalho vale a pena.

Por muito tempo, o que imperou absoluto no mercado foi o modelo da centimetragem, que é medir na régua o que foi publicado nas colunas de texto de jornais e revistas. Eu, desde muito jovem, sempre fui contra essa coisa de contar os centímetros, principalmente quando eu tomava banho com os meus amigos no vestiário do clube após o futebol. Mas essa é uma outra história e não é o caso lembrá-la em detalhes neste post.

O importante para os assessores de imprensa, nesses anos todos, foi juntar o máximo de centímetros possíveis para colocar no relatório final a ser entregue ao cliente. O tamanho era documento, sim! A polêmica deste modelo começou quando alguém, um pouco mais perspicaz, resolveu fazer a seguinte perguntinha: vale mais uma notinha bem pequena numa coluna badalada de um jornal importante ou uma página inteira em um jornal sem tanto prestígio? A coisa mudou. Começaram a desconfiar daquela exuberância toda dos centímetros. E eu voltei a tomar banho em público, feliz e sem constrangimentos.

Um outro modelo de mensuração de resultados, mais recente, é o modelo do “positivo” e “negativo”. As matérias publicadas passam por um critério subjetivo de avaliação: essa aqui é ótima para a imagem da empresa (positiva), aquela outra queima o filme da empresa (negativa). E tem também a coluna do meio, a matéria “neutra”. E qual a polêmica suscitada por este modelo? O que é “bom” para a empresa pode ser “ruim” para os seus funcionários, para os clientes, para a comunidade.

Hoje, estudiosos da comunicação fazem todos os esforços para tentar descobrir o inovador modelo que revolucionará o trabalho das assessorias de imprensa. Comentam até que as pesquisas estão mais avançadas do que as relacionadas à cura da aids. Eu, que sou muito desconfiado, prefiro aguardar sentado. E, no mais, desde que perdi o emprego, a única coisa que tenho mensurado é a circunferência da minha barriga. Essa história de almoçar e jantar de verdade acrescentou alguns centímetros a ela. Será que isso é positivo ou negativo?



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