Coisas e Coisas
A coxinha de frango
Estava no parque com o Nestor no último fim de semana quando uma mulher de meia-idade se aproximou. Carregava uma caixa grande de isopor. Vendia coxinhas de frango para sobreviver. Talvez fosse uma jornalista desempregada como eu, mas resolvi não investigar. Comprei uma coxinha, versão clássica, só de frango, nada de catupiry safado. A primeira mordida foi mágica. Sim, aquela coxinha me fez viajar, de forma involuntária, ao meu passado, tal como a
madeleine de Proust. O sabor, o cheiro, tudo me fez sentir tão vivo.
Sempre que tinha um dia corrido, com pautas pela manhã e logo no começo da tarde, não almoçava no restaurante do jornal. Descia até o boteco ao lado e mandava ver umas coxinhas de frango, versão clássica, é claro. Era tudo muito rápido, não podia perder tempo. Ainda assim aquela coisa breve parecia interminável. Às vezes, conversava com os garçons do balcão, velhos amigos. Lá eu era a “chefia”. Às vezes, comia quieto, observando os outros clientes e imaginando as histórias daquela gente, anônima e estranha, como eu.
A lembrança da coxinha de frango no boteco ao lado é a lembrança de bons tempos: frenéticos, difíceis, mas também saborosos. Foi nesse boteco simples, de azulejos portugueses e uma flâmula da Ilha da Madeira nas paredes, que vivi também memoráveis noites de sexta-feira ao lado de outros jornalistas. Conversas apaixonadas, debates intensos, retrospectiva da semana. Bebíamos quase todas e voltávamos para a redação para fechar o jornal de domingo. Depois, lá pelas quatro horas da manhã, estávamos de novo à mesa, para beber as que tinham faltado para completar todas.
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Seu troco, senhor, seu troco, me disse a tiazinha que vendia coxinhas no parque, com uma moedinha de 50 centavos na mão.
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