12) TER ou SER
Coisas e Coisas

12) TER ou SER


Trata-se de um livro social-filosófico escrito por ERICH FROMM cuja abordagem já foi suscitada por diversos pensadores e teóricos como Aristóteles; Sócrates; Arístipo (filósofo grego que apregoava o hedonismo radical); Jesus Cristo; Galileu; Epicuro; Spinoza; Freud; Hobbes; Marques de Sade; Buda; Tomaz de Aquino;  Max; Hunzinger; Mesarovic; Pestel; Marx; Engels; Darwin; Einstein; Albert Schweitzer; Etc.  ERICH FROMM faleceu em 1980.






O livro aborda temas complexos, dentre eles o de elevar a raça humana para além do medo e em conseqüência, contrapor a grande promessa do TER descrita num tripé de Produção ilimitada; Liberdade absoluta; Felicidade Irrestrita.

Uma realidade, por exemplo, abordada por Arthur Koestler é o fato das pessoas preferirem a catástrofe futura ao sacrifício que teriam que fazer agora.

Quando ERICH FROMM  expôs sobre a importância da Diferença entre TER e SER, sobrevoou sobre a experiência cotidiana, no Velho e no Novo Testamento.  Fixa ainda os escritos de Eckhart (1260-1327) o qual  o Autor se refere como “Mestre”

Eckhart defendia que a liberdade plena é esvaziar-se a tal ponto de desapegar-se do próprio conhecimento, “livre de ansiar por agarrar-se a coisas e ao próprio eu”.

Nas palavras de Blakney o autor diz: “..homem ativo, vivo é como um vaso que aumenta à medida que se enche e que nunca está cheio

Critica veementemente o conceito de TER, alegando transitoriedade do objeto. Diz o Autor: “Falar da posse de alguma coisa permanentemente é confiar na ilusão de uma substância permanente e indestrutível.” Nisso ele inclui o próprio homem.

Alega ainda que todos os padrões sociais de nossos dias foram moldados sob a essência do TER, com processo de doutrinação, recompensas e punições.  Quanto à sexualidade diz que o desejo sexual é uma expressão de independência e sua condenação faz as pessoas sentirem-se culpadas e em conseqüência submissas. Esse fenômeno faz com que fiquemos “socialmente adaptados” fazendo que nossas motivações, idéias e crenças passem ser falsas e tendenciosas insensatas e preconceituosas.

Sob esse contexto, o processo de pensar cria fenômenos de resistência quando a dolorosa verdade ameaça vir à superfície, fazendo que grande parte de nossa energia passe a ocultar de nós mesmos o que sabemos.

Resume assim:

“...o ato sexual não é necessariamente um gozo compartilhado; os parceiros são frequentemente tão narcisistas, egoístas e possessivos que se pode falar apenas de prazer simultâneo, mas não de gozo compartilhado.”

No modo TER diz o autor “a felicidade consiste na superioridade sobre os outros”. No modo SER é “amar, participar, dar

Traça a personalidade do sovina que coloca toda sua energia no sentido de adquirir, poupar e acumular dinheiro e coisas e em geral. Esse tipo de comportamento está associado a outros traços como meticulosidade, pontualidade e inflexibilidade. No que tange a avidez alega que a pessoa ávida jamais tem o bastante para satisfazê-lo. Isso serve, segundo o Autor, para o avarento, o ambicioso e o mulherengo.

Ao tratar do ascetismo e da igualdade, escreve que aqueles que se preocupam com a igualdade, no sentido que a parcela de cada um seja exatamente igual a do outro, demonstram que sua tendência a TER é mais forte, uma vez que, por trás dessa preocupação a real motivação é a inveja. “Quem exige que ninguém tenha mais que ele próprio, está desse modo se protegendo da inveja que sentiria se outro tivesse mesmo um mínimo a mais.

Alega que as pessoas são basicamente preguiçosas, passivas por natureza e que não trabalham com prazer - muito pelo contrário - são movidos pelo medo da fome ou do castigo.

Ao abordar sobre a vontade de dar, participar e sacrificar-se, o Autor sugere que o objetivo de ajudar e sacrificar-se é meramente fingido por muitos. Um exemplo clássico são os grupos revolucionários que esperam salvar o mundo mediante atos de terror e destruição, não percebendo que estão apenas contribuindo para a tendência geral de violência e desumanidade.

Resume que o auto-sacrifício é frequentemente a solução para indivíduos que ardentemente desejam amar, mas que perderam esse dom e vêm no sacrifício de suas vidas uma compensação.  Que os seres humanos receiam mais ser marginalizados que morrer.

Que todo passo novo traz em si o risco ao fracasso e esta é uma das razões pelas quais tanto se teme a liberdade.

O Autor ambiciona um novo homem e uma nova sociedade

O primeiro grande trabalho hercúleo está em enfrentar o modelo dominante da religião, cuja atribuição é mais de manter a disciplina das massas do que salvar suas almas. Que normalmente o sistema religioso não corresponde ao caráter social vigente e entra em conflito com a prática da vida social, tornando-se mera ideologia.

Segundo o Autor “isso pode explicar por que tantos farsantes podem ser bem sucedidos nos domínios espirituais e religiosos.

Em seguida questiona o caráter mercantil da sociedade, impondo que “o mercado deseja que eu seja”. Fala do “caráter mercantil” como “caráter alienado” ou “caráter esquizóide

Finaliza o livro impondo inúmeras regras a serem seguidas a fim de alcançar a tão sonhada sociedade ideal.

Exemplos: Como solucionar o problema da produção de escala e descentralização do mercado? Acabar com a meta de crescimento ilimitado sem o perigo do colapso econômico e ambiental? Fazer que o trabalho não se paute na compensação monetária mas psíquicas e afetivas? Estimular o progresso científico sem por em perigo a espécie humana? Como proporcionar segurança aos indivíduos sem torná-los dependentes?

As respostas sugeridas pelo Autor são tão difíceis como as perguntas.

Fala em proibição de métodos de lavagem cerebral na publicidade industrial e política. Que deve ser desfeita a distância entre nações ricas e pobres. Sugere uma renda anual para os desafortunados, sob o argumento de que todos os seres humanos têm direito incondicional de alimentar-se  e abrigar-se. Diz o Autor “É um direito que garantimos aos nossos animais de estimação, mas não reconhecemos aos nossos semelhantes”. Sustenta que tal medida garantiria verdadeira liberdade e independência.

(O ATUAL PROGRAMA DE BOLSA FAMÍLIA INSTITUÍDO NO BRASIL, COLOCA EM XEQUE ESSA ASSERTIVA DE LIBERDADE E INDEPENDÊNCIA)

Prega ainda para alcançar a sonhada sociedade ideal, seja também garantido às mulheres a liberação do domínio patriarcal. Idealiza um tal Supremo Conselho Cultural encarregado de aconselhar o governo, os políticos e os cidadãos em todas as questões em que o conhecimento seja necessário. Nesse tópico o  Autor viaja numa atmosfera utópica comum nesse tipo de proposta, chegando a sugerir uma fórmula mágica  na constituição de tal conselho, que segundo ele, representado pela “nata intelectual e artísticas do país” e sugere “homens e mulheres cuja integridade esteja fora de dúvida”. (COMO SE ISSO FOSSE POSSÍVEL)

Reporta sobre um sistema eficaz de divulgação de informação fazendo referencia a realidade da informação de massa da década de 1970 pondo a grande mídia como vilã do status quo.

Defende que a pesquisa científica deve ser separada da aplicação na indústria e na defesa.

Após traçar essas idéias prá lá de teóricas, afirma que “embora todas as sugestões feitas nas páginas precedentes sejam difíceis de se concretizar, essas dificuldades se tornarão quase insuperáveis com o acréscimo de outra condição necessária para a nova sociedade: o desarmamento atômico.” (REGISTRA-SE QUE ESSA VISÃO ERA TÍPICA DA DÉCADA DE 70 NO AUGE DA GUERRA FRIA)

Conclui o livro questionando num último tópico se “A Nova Sociedade: Haverá uma Probabilidade Razoável?

Para tentar responder essa pergunta traça argumentações dramáticas, se apoiando a termos apocalípticos como salvação quando afirma que “a vida nem é um jogo de azar nem um negócio financeiro, e devemos procurar outros ângulos para uma apreciação das reais possibilidades de salvação.

Imprime uma visão romântica sobre o Oriente quando afirma: “em bases puramente econômicas tornam-se necessárias uma nova ética, uma nova atitude para com a natureza, solidariedade humana e cooperação se o mundo ocidental não quiser ser apagado.” (PROVAVELMENTE QUANDO O AUTOR ESCREVEU ESSA OBRA, NEM SONHAVA NA CHINA ATUAL, PASSANDO POR CIMA DE TODOS OS CONCEITOS SOCIALISTAS/COMUNISTAS E APLICANDO O CAPITALISMO PRIMITIVO DE FORMA RADICAL)
Conclui em defender o crescimento dos partidos sociais democratas que devem conquistar os votos da classe média mundial (FATO JÁ CONSUMADO NAS DEMOCRACIAS VIGENTES 40 ANOS APÓS A PUBLICAÇÃO DO LIVRO), defendendo como síntese a criação da Cidade do Ser no lugar da Cidade Terrena do Progresso que foi antítese da antiga Cidade de Deus nos períodos medievais.






COMENTÁRIOS

Trata-se de uma obra rica de conhecimento filosófico, trazendo citações e até tratados e romances que marcam de séculos e até milênios. Com mais de 100 referências bibliográficas demonstra o cabedal de conhecimento de ERICH FROMM que além desta obra editada em 1976 já havia escrito mais de 20 (vinte) obras, dentre elas:

(Análise do Homem); (Anatomia da Destrutividade Humana);  (Caráter Social de uma Aldeia); (Conceito Marxista do Homem); (O Coração do Homem); (A Crise da Psicanálise); (O Dogma de Cristo); (O Espírito de Liberdade); (Grandeza e Limitações do Pensamento de Freud); (A Linguagem Esquecida); (O Medo à Liberdade); (Meu Encontro com Marx e Freud); (A Missão de Freud); (Psicanálise da Sociedade Contemporânea); (A Revolução da Esperança); (A Sobrevivência da Humanidade); (A Arte de Amar); (Vós Sereis como Deuses); (O Homem por Si Mesmo); (Sexo e Caráter); (Psicanálise e Religião); (Humanismo Socialista e A Sociedade Sã).

Logo no prefácio o Autor faz menção a dois livros dos acima citados: “Psicanálise da Sociedade Contemporânea” e  “A Revolução da Esperança”. A primeira obra, escrita em 1955, segundo o Autor trata de uma dramática evidência de que nas democracias do século XX, a vida constitui, em muitos aspectos, em uma fuga à liberdade. Reporta ao mesmo livro nas páginas 178 e 184 ao sugerir a democracia participativa com criação de milhares de grupos instituído em média por 500 pessoas cada, com organismos de deliberação e decisão e para abordar o tema da renda anual garantida conforme já descrito acima.

Já no livro “A Revolução da Esperança” o Autor foca sobre uma tal tecnologia  que sirva toda a humanidade, e não apenas para aumentar a riqueza e o poder de nações já ricas e poderosas. Faz referencia deste livro ainda na página 163 quando traça medidas radicais sugeridas num trabalho de dois autores norte americanos que serão abordados mais a frente.

Na página 61 do livro o Autor faz referencia ao termo “cair de amor” quando se refere o amar no sentido TER, fomentando uma contradição a uma atividade criativa que só pode ser admitida no modo SER (estar amando), sob contexto abstrato e não concreto. Ao abordar esse tema, o Autor faz referencia a outra obra sua bastante conhecida: “A Arte de Amar”, publicada no Brasil pela Zahar Editores.

Na página seguinte (62) o Autor faz referência a outra obra: “Anatomia da Destrutividade Humana” cuja abordagem é uma exegese radical das obscuras forças que levam o ser humano a assumir a condição demoníaca de animal. É que ao concluir seu esboço sobre o AMOR o autor faz referência aos defensores de casamento grupal, troca de cônjuges, sexo grupal, como pessoas com dificuldades em amar pela vontade de TER mais “amantes” do que amar uma só pessoa. Ao recomendar a leitura do livro “Anatomia da Destrutividade Humana”, o Autor faz referência sobre análise e distinção entre estímulos “ativadores” e “passivadores” descritos no Capitulo 10 daquela Obra.

No mesmo diapasão, na página 84 ao se referir novamente aos estímulos acima nominados, ele explica: “Quanto mais um estímulo for apassivante, mais frequentemente deverá ser mudada a intensidade e/ou a espécie; quanto mais ativante for, por mais tempo reterá sua qualidade estimulante  e menos necessária sua mudança de intensidade e conteúdo.

Ao citar uma experiência publicada por D. O. Hebb às páginas 107 e 108, o Autor volta a citar essa sua Obra, haja vista ter abordado também tais objetos de estudo.

O citado estudo de Hebb abordou dados sobre a conduta animal dando conta que muitas espécies desempenham tarefas penosas com prazer, mesmo sem recompensas materiais. Que existem atividade inerente às células nervosas. Quanto à necessidade de crianças pequenas reagirem a complicados estímulos, denominando isso como “Conduta infantil”. No que tange ao aprendizado, Hebb conclui que muitos estudos demonstram que a criança e o adolescente são indolentes porque o material de aprendizado lhes é apresentado de modo árido e inerte, incapaz de suscitar verdadeiro interesse. Afastada a pressão e a monotonia, e apresentando-se o material de modo vivo, mobilizam-se notável atividade e iniciativa. Fenômeno parecido quando abordado a conduta no trabalho, dando conta que os trabalhadores de desinteressados passam a mostrar notável grau de criatividade, atividade, imaginação e satisfação.

Ao tratar da sonhada sociedade ideal, fala da liberação das mulheres do domínio patriarcal, como já dito alhures. Essa problemática está descrita na página 186 e o Autor faz novamente registro sobre o livro “Anatomia da Destrutividade Humana”, dando conta que estudou nesta obra o primitivo “matriarcado”.

Nas páginas 66 e 106 o Autor faz referência ao livro “A Linguagem Esquecida”, uma introdução ao entendimento da linguagem simbólica, sonhos, contos de fada e mitos. Referiu-se a essa obra ao abordar o ritual do Sábado na cultura judaica durante a Era Messiânica. Num outro momento citou a Obra ao referir-se ao sonho.

Neste mesmo conceito foi citado também na página 66 o livro “Vós Sereis como Deuses”.  Nesta mesma obra o Autor faz profunda análise sobre os cinqüenta Salmos no Velho Testamento, tidos como um verdadeiro “hino de alegria”, além de traçar conceitos sobre pecado e arrependimento, conforme observações nas páginas 122 e 128.

Na página 68 faz referência ao livro “O Dogma de Cristo” ao referir-se aos primitivos cristãos que eram pobres e desprezados socialmente.  O referido livro aborda problemas religiosos, psicológicos e culturais vistos sob o ângulo psicanalítico e socioeconômico.

Na página 95 faz citação sobre o conflito entre o TER e o SER observado sob o foco existencial e caracteriológico, observando que faz análise mais profunda no livro “O Homem por Si Mesmo”   

Nas páginas 99, 114 e 135 é citado o livro “O Medo à Liberdade”  Na página 99 ao abordar a atividade não-alienada, a qual o Autor denomina também de atividade produtiva e atividade espontânea.  Ao tratar da segurança e insegurança na página 114 o Autor também cita a obra  ao abordar o tempo à liberdade quando estamos diante ao novo e do eminente risco de fracasso.  Ao tratar da Religião, do Caráter e da Sociedade na página 135 o Autor faz referência ao caráter social acarreta mudança social, sendo que os impulsos religiosos contribuem com a energia necessária para motivar homens e mulheres, haja vista “uma nova sociedade só pode ser ensejada se profunda transformação ocorrer no coração humano”, ou seja, “se um novo objeto de devoção tomar o lugar do atualmente existente.” Este livro foi  escrito em 1941 e fala da estrutura do caráter do homem contemporâneo em seu aspecto decisivo para a crise do dia a dia. Fala ainda do significado da Liberdade. Em 1950 o Autor escreveu o livro  “Psicanálise e Religião” e também abordou o tema da transformação do homem.

Em 1943 o Autor fez um ensaio intitulado  “Sexo e Caráter”. Fez menção a esse ensaio na página 120 ao abordar o comportamento masculino diante o pênis. Palavras do Autor: “A ereção do pênis é totalmente funcional. O macho não tem ereção como uma propriedade ou qualidade permanente. O pênis é um estado de ereção, enquanto o homem está excitado, na medida em que deseje a pessoa que suscitou sua excitação. Se por alguma razão algo interfere nesta excitação, o homem nada tem. É um contraste com praticamente todas as demais espécies de comportamento, a ereção não pode ser fingida. George Groddek, um dos psicanalistas mais notáveis, embora relativamente pouco conhecido, costumava comentar que o homem, afinal de contas, só é homem por uns poucos minutos; na maior parte do tempo é um menino.

Ao escrever sobre o caráter mercantil do homem nas páginas 146 e 147, o Autor fez menção ao livro “A Análise do Homem” que aborda a inquietação e perplexidade do homem moderno e o sentimento de futilidade que o domina diante de suas realizações e conquistas. Palavras do Autor: “O caráter autoritário-obsessivo-acumulativo que começou a revelar-se no século XVI, e que continuou sendo estrutura de caráter dominante pelo menos nas classes médias até fins do século XIX, misturou-se lentamente com o caráter mercantil ou acabou sendo substituído por este.

Ao explicar as idéias de Marx na página 155, o Autor faz referência ao livro “O Conceito Marxista do Homem” que contem os manuscritos econômicos e filosóficos de Marx  e uma análise da filosofia marxista como um protesto contra a alienação do homem. O Autor faz questão de destacar um trecho daquele livro, como sendo escritas pelo economista e filósofo alemão, senão vejamos: “A propriedade privada nos faz tão obtusos e tendenciosos que um objeto só é nosso quando o possuímos, quando existe para nós como capital, ou quando é imediatamente comido, bebido, vestido, habitado, etc., em suma, utilizado de algum modo. ... Assim, todos os sentidos físicos e intelectuais foram substituídos pela simples alienação de todos esses sentidos; o sentido de ter. O ser humano teve que reduzir-se à sua absoluta indigência para ser capaz de dar surgimento a sua riqueza íntima.

Ainda preso no conceito socialista/marxista, tão em moda nos idos de 1976, o Autor destaca outra obra sua na página 158 denominado “Humanismo Socialista” ao destacar seis pontos que refletem o pensamento dos humanistas radicais pós-marxistas, a saber:

- que a produção deve atender às reais necessidades do povo, e não às exigências do sistema econômico;

- que deve ser estabelecida uma nova relação entre as pessoas e a natureza, que seja de cooperação e não de exploração;

- que o antagonismo mútuo deve ser substituído pela solidariedade;

- que o objetivo de todas as organizações sociais deve ser o bem estar humano e evitação do contrário;

- que se deve empenhar não para o máximo consumo, mas pelo consumo adequado que favoreça ao bem estar;

- que o individuo deve ser ativo participante da vida social, e não um participante passivo.

Registro que a maioria desses chamados humanistas radicais viveram no final do século XVIII até meados do século XIX. Mal sabiam eles, assim como Marx não sabia, que quem mais proporciona o ideal humanista, é justamente o capitalismo. Nada é mais socialista que a previdência social e pelo que consta os melhores planos de aposentadorias se encontram nos melhores países liberais e capitalistas. Fato idêntico com o regime de cooperativas, assim como as melhores legislações e ações ambientais. Isso necessitava ser dito.

Ainda debatendo sobre essa questão ambiental e populacional, tão em voga hoje em dia, o Autor elenca seis conclusões dos autores norte americanos Paul Ehrlich e Anne Ehrlich, o qual fizemos referencia acima quando comentamos o livro “A Revolução da Esperança” citado na página 163. Eis as seis sugestões do trabalho:

-1- Considerando a atual tecnologia e os atuais padrões de comportamento , nosso planeta acha-se imensamente super-povoado (COMO O LIVRO FOI ESCRITO EM 1976, ESSE TRABALHO DATA ANTES DISSO. EM 1975 A POPULAÇÃO ERA 4 BILHÕES. HOJE É QUASE O DOBRO)

-2- O grande número absoluto de pessoas e o índice de crescimento demográfico são os principais obstáculos à solução dos problemas humanos. (REPORTO AO MESMO COMENTÁRIO ANTERIOR)

-3- Os limites da capacidade humana de produzir alimento pelos meios convencionais quase foi atingido. Os problemas de abastecimento e distribuição já resultaram em metade da população mundial subnutrida e inadequadamente alimentada. Atualmente (antes de 1976 portanto), de 10 a 12 milhões de pessoas estão morrendo de fome anualmente. (SEGUNDO O SITE “TERRE HUMAINE” ATUALMENTE MORREM-SE 8 MILHÕES DE PESSOAS POR ANO. CONSIDERANDO QUE A POPULAÇÃO DOBROU, HOUVE UMA QUEDA REAL DE 67%) http://bmail.uol.com.br/main

-4- As tentativas de aumentar a produção de alimento tenderão a acelerar a deterioração do nosso meio ambiente, o que, por sua vez, irá reduzir de fato a capacidade da terra de produzir alimento. Não é claro se a decadência do meio ambiente já chegou ao ponto de ser irreversível; é possível que a capacidade do planeta de sustentar a vida humana tenha sido prejudicada de modo permanente. As maiores causas da deterioração do meio ambiente são os “sucessos” tecnológicos como automóveis, pesticidas e fertilizantes nitrogenados inorgânicos.

-5- Há razão para acreditar que o aumento de população aumente a probabilidade de uma praga mortal de âmbito planetário e de uma guerra termonuclear. Uma ou outra pode ocasionar um indesejável “índice de mortalidade”para a solução do problema demográfico; cada qual é potencialmente capaz de destruir a civilização e mesmo levar à extinção do Homo sapiens.

-6- Não existem qualquer panacéia para o complexo de problemas que confluem na crise população-alimento-meio ambiente, embora uma tecnologia adequadamente aplicada em domínios tais como combate à poluição, comunicações e controle da fertilidade possa ser de inestimável ajuda. As soluções básicas implicam mudanças consideráveis e rápidas nas atitudes humanas, sobretudo nas relacionadas com a conduta reprodutiva, crescimento econômico, tecnologia, meio ambiente, e resolução de conflito.

Sobre os tópicos 4, 5 e 6 destaco alguns pontos: Note-se que a cabeça dos Autores estão “contaminadas” com o fantasma da “guerra fria” tão presente naquela época, quando se referem a tal “guerra termonuclear” o que hoje certamente seria substituído por “efeito estufa”. Sobre as demais previsões e assertivas trago à lume o que escrevi em fevereiro de 2010 “EUA x AQUECIMENTO GLOBAL”


O Autor escreveu ainda sobre “O Caráter Social de uma Aldeia”, um estudo sociopsicanalítico do caráter social do camponês, as interações entre suas atitudes emocionais e condição socioeconômicas. Escreveu sobre “O Coração do Homem” que trata da liberdade de escolher entre o bem e o mal, entre o amor e o ódio, entre a vida e a morte e o uso que o homem faz da sua liberdade. Escreveu “A Crise da Psicanálise” colocando a psicanálise e a psicologia social dentro da crise vertical do mundo moderno. Escreveu sobre “O Espírito de Liberdade” traçando uma revisão dos conceitos bíblicos à luz de sua validade ou não para o homem de hoje. Escreveu sobre “A Grandeza e Limitações do Pensamento de Freud”, descrevendo as mais importantes descobertas  


O LIVRO NÃO ESTÁ À VENDA (salvo se a proposta for irresistível)



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