Coisas e Coisas
15) O RIO NASCE NA MONTANHA E SEGUE RUMO AO MAR
O RIO NASCE NA MONTANHA E SEGUE RUMO AO MARPublicado no ano 2.000 pela Editora Juruá – Curitiba/PR 228 páginas - ISBN: 85-7394-682-2
Trata-se de um romance escrito por Gilberto Ferreira que aborda estórias de ficção.
O enfoque principal tratou da estória é de um homem de aproximadamente 25 anos, portador de psicopatia sexual e que lhe transformou em estuprador e assassino.
Possivelmente influenciado pela profissão de magistrado conhecedor da entranhas humanas reveladas nos incontáveis processos que presidiu, apresenta uma visão ambígua sobre esse tipo de doença.
Em resumo: O referido homem estupra e mata uma menina de 15 anos. Arrependido, decide vender tudo e mudar-se para uma cidade distante, estabelecendo uma promessa pessoal de não ter mais relacionamentos amorosos, assim como, doar 20% de tudo que ganhasse para instituições de cuidado a crianças carentes.
O pai da menina trava uma luta hercúlea para aprovar a pena de morte afim de vingar a morte da sua filha. Depois de muita discussão a lei é aprovada, inclusive com um dispositivo atentatório ao principio da irretroatividade.
Por sua vez o homem de nome Gonçalo, vai se transformando numa espécie de salvador da pátria daquela cidade que adotara, tanto pela sua prosperidade, como benevolência.
Acaba mantendo um relacionamento com uma moça cega que de certa forma lhe “cura”, pois consegue manter relacionamento sexual com ela e dominar seus instintos psicopata.
No final ele é preso e a moça cega acaba descobrindo sua doença. O o pai da menina o perdoa, mas mesmo assim ele é condenado à morte.
A narrativa da estória de Gonçalo é intercalada com outras três estórias.
De um menino excepcional de nome Marcelinho que tem extraordinário poder de decorar livros e recitar o conteúdo como se fosse expressão de conhecimento.
Da moreninha. Uma moça vítima da miséria que se transforma em prostituta e acaba casando com um dos clientes.
Do grupo de notáveis constituído por profissionais liberais, fazendeiros, dentre outros, numa espécie de Rotary ou Lyons, com destaque aos posicionamentos ideológicos de um advogado com visão de esquerda e um dentista com visão de direita. No grupo conta ainda com um padre, um pastor e uma fazendeira chamada Dona Cacilda que acaba morrendo de câncer por causa do cigarro.
Tanto na estória do Gonçalo, como nas estórias assessórias, o autor expõe uma nítida visão socialista, porém abre vistas a conceitos extra ideológicos.
No que diz respeito na estória do Marcelinho, um destaque interessante, pois ao relatar os conteúdos decorados pelo menino em livros que mantinha escondido num porão, o romance é repleto de curiosidades como a história do cristianismo, outras religiões como judaísmo, islamismo, budismo. Aborda filosofia, invenções do baralho com significado dos naipes, do jogo de xadrez, questões matemáticas, a origem da América, histórias da intimidade de inventores como Gutenberg que inventou a impressão gráfica, da invenção da Guilhotina por um médico (destaco aqui um poema de Bocage) – “Consta que um médico fora inventor da guilhotina – Deu bem rapidez à morte – Mostrou saber medicina.”
Em resumo, ao narrar a estória do Marcelinho, o autor nos brinda com um cardápio de curiosidades, que provavelmente passaria a vida sem aprender.
O advogado do grupo de notáveis também contribui bastante em curiosidades históricas do direito.
Tirando o lado ideológico da obra, que acaba por produzir alguns deslumbramentos (na maioria protagonizado por Gonçalo), atribuo uma boa nota, justamente pelas curiosidades trazidas e pela fácil redação, propiciando uma leitura agradável.
SOBRE O AUTOR: Gilberto Ferreira, quando escreveu a obra atuava como Magistrado em Curitiba, Mestre em Direito e Professor da PUC, da Escola da Magistratura de Curitiba e do instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos. Com diversos artigos publicados em revistas especializadas, é autor também do livro Aplicação da Pena – Editora Forense.
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