Coisas e Coisas


PEQUENAS NOTAS

1) No Público de hoje vem uma notícia sobre a expansão do modelo de outdoors da Media Capital nas estações do Metropolitano de Lisboa. Diz o texto, a partir de take da Lusa, que a MCO-TV [Media Capital Outdoor], designação comercial do suporte, combina as qualidades técnicas da televisão com a exposição imediata da publicidade exterior.

O sistema apareceu por altura do Euro 2004. O standard do suporte nas estações de metro fica entre as duas linhas do comboio, voltado para as gares [na estação do Marquês de Pombal, fica junto a uma estátua de gesso do marquês, degradada pelas infiltrações de água; o sistema umas vezes funciona, outras não. Já ouvi mas sem imagem, no Campo Grande, por exemplo].

Metro do Porto e Transtejo são os transportes que se seguem. Neste último tipo de transporte, há que adaptar a duração do tempo de programação à viagem. O mesmo acontece com o SIC Indoors, no centro comercial Vasco da Gama, na zona da restauração (uns dez minutos depois do começo do programa, volta ao início, como num carrossel). Mais à frente, a notícia que cito fala em televisão sem zapping, que cobre 80% do tráfego diário do metropolitano. Efectivamente, um passageiro (ou um cliente do Vasco da Gama) não consegue estar em sossego. Trata-se de um meio de comunicação totalitário, sem opção de escolha género desligar ou mudar.

2) Do livro que estou a ler, Hollywwod, de Allen J. Scott (2005: 36-41), retiro duas ou três ideias: a meca do cinema tem sofrido, nas duas últimas décadas, uma transformação empresarial de grande envergadura. O velho sistema de estúdios assentava num grupo dominante de sete majors, cada uma delas integrada verticalmente através da produção, distribuição e exibição. Com a decisão antitrust Paramount, de 1948, as majors perderam o controlo das salas de cinema, na mesma altura em que a televisão conquistava audiências aos filmes, e que representou competitividade, incerteza e instabilidade na indústria.

Hoje, as majors, reduzidas em número, desinvestiram em muita da sua capacidade produtiva e de compromissos contratuais, tornando-se os centros nervosos de redes de produção desintegradas verticalmente. Em tal processo, surgiram muitas firmas, pequenas mas especializadas, em subsectores da indústria, fornecendo serviços de tipo distinto às majors.

À produção de massa sucederam dois tipos de organização empresarial: a) system house, o qual se pode definir como unidades de produção em larga escala, fornecendo um número limitado de produtos extremamente variados e complexos; b) especialização flexível, referente às pequenas unidades de produção focadas numa parcela estreita de actividades (por exemplo, produção de filmes independentes, design de vestuário, edição de filmes).

Assim, o sistema de produção de Hollywood pode ser descrito em termos de um modelo assente em empresas majors e independentes, interligadas em círculos cada vez mais alargados de fornecimento directo ou indirecto de serviços. Estas empresas interagem através de três estádios de desenvolvimento: a) pré-produção (elaboração da ideia original, preparação de cenários, procura de financiamento, escolha de actores), b) produção (filmagens e funções associadas como iluminação e maquilhagem), c) pós-produção (processamento fotográfico, edição de imagem, edição de som).



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