Coisas e Coisas


CADEIA DE VALOR NO CINEMA

Allen J. Scott, no seu mais recente livro, Hollywwod (2005: 36-41), defende dois tipos de organização empresarial no cinema, como escrevi no dia 9 deste mês: a) system house, definido como unidades de produção em larga escala e que fornece um número limitado de produtos extremamente variados e complexos, b) especialização flexível, referente a pequenas unidades de produção focadas numa parcela estreita de actividades (caso da produção de filmes independentes, design de vestuário, edição de filmes). Mas, mais à frente, ele advoga um terceiro tipo de empresa, que constitui um círculo intermediário entre as subsidiárias das majors e as independentes aliadas às mesmas majors (Scott, 2005: 47).

Esta estruturação vem a propósito da organização do cinema português, a partir do Guia profissional do audiovisual. Cinema, televisão, vídeo, 1993-1994, que descobri recentemente. O Guia elenca as profissões em torno das três indústrias do audiovisual (ou indústrias culturais) e fornece nomes e moradas, para facilidade de contactos. Claro que, à distância de onze anos, muitos das empresas e das moradas dos profissionais estão desactualizadas, mas aqui importa realçar o esforço de sistematização.

Assim, existem elementos dos seguintes itens: produtoras, produtores [o feminino para empresas, o masculino para profissionais], chefes de produção, assistentes de produção, secretárias de produção, distribuidoras, realizadores de cinema, primeiros assistentes, segundos assistentes, anotadoras, directores de fotografia, operadores de imagem, operador, assistentes de imagem, chefes electricistas, chefes maquinistas, grupistas, som e assistentes de som. Mas também decoradores, assistentes de decoração, cenógrafos, aderecistas, construção, guarda-roupa, assistentes de guarda-roupa, costureiras, aluguer de guarda-roupa, cabeleireiras, cabeleireiras e postiços, maquilhadoras, efeitos especiais, montadores, assistentes de montagem, músicos, produtoras de animação, realizadores de filmes de animação, animadores, operadores, laboratórios, importadores de filmes, impressoras de legendas e tradutores de actividade cinematográfica e da televisão. E ainda estúdios, estúdios de som, salas de montagem, distribuidores de material e equipamento cinematográfico, material de cinema, montagem de equipamentos, desmontagem e montagem de ecrãs, fabrico de néons, agências de figuração e actores, actrizes, actores e críticos. Para finalizar, salas de cinema de Lisboa, salas de cinema do Porto, projeccionistas ambulantes, agências de bilhetes, cineclubes, legislação da RTP, frequência de áudio e vídeo, apresentadores de televisão, produtores de televisão, realizadores de televisão, realizadores/jornalistas, operadores de câmara portátil, produtoras de vídeo, pós-produtoras de vídeo, editoras de vídeo, editoras associadas, empresas duplicadoras de imagem, agências de publicidade, produtoras de publicidade associadas, produtoras de filmes de publicidade, realizadores de filmes publicitários, directores de produção de filmes publicitários, operadores de câmara de filmes publicitários.

Retiro alguma informação respeitante a filmes galardoados internacionalmente à volta daquele período: em 1990, O processo do rei (João Mário Grilo), Recordações da casa amarela (João César Monteiro) e Non ou a vã glória de mandar (Manoel Oliveira); em 1991, Nuvem (Ana Luísa Guimarães), Retrato de família (Luís Galvão Teles) e Alex (Teresa Vilaverde); em 1992, Adeus princesa (Jorge Paixão da Costa).

Claro que não se consegue reconstituir a sociologia ou a economia geográfica da cinematografia portuguesa como faz Allen J. Scott a Hollywood. Mas podemos fazer um apanhado do número de profissionais e sua localização geográfica para percepcionarmos a realidade portuguesa. No Guia, há 18 produtores, 93 realizadores, 3 cenógrafos, 137 actrizes e 13 agências de figuração e actores, entre muitas outras profissões e actividades.

Leitura: Manuel Costa e Silva (dir.) (1993). Guia profissional do audiovisual. Cinema, televisão, vídeo, 1993-1994. Lisboa: D. Quixote e Instituto Português do Cinema



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