Coisas e Coisas
A IMPORTÂNCIA DA RÁDIO NO FILME CINDERELLA MANEscreve Philip French, no
Observer de ontem, que Ron Howard, realizador de
Cinderella Man, viveu sempre no mundo do espectáculo: os seus pais eram actores e ele próprio foi uma estrela juvenil (caso da série televisiva
Happy days). E muitas das suas virtudes vêm da técnica de Spielberg, com uma forte narrativa e a afirmação da decência humana. O filme agora em exibição, e que
The Observer considera o filme da semana, é a celebração de um pugilista irlandês-americano e da família do homem, James J. Braddock (Russel Crowe no papel do boxeur), Renee Zellweger (no papel da sua mulher, Mae), assim como Joe Gould (Paul Giamatti no papel de manager) [
imagem seguinte retirada do sítio da Universal Pictures].
A história do filme começa em 1928, quando o pugilista estava na moda, e narra a sua sequente queda, que coincide com a depressão económica dos Estados Unidos desse ano. Em 1934, o seu antigo manager procura Braddock para fazer um único combate. Braddock, figura pálida da antiga glória, que passara pelo trabalho nas docas para obter algum dinheiro, ganha. E recomeça a carreira, chegando atá ao título de campeão dos pesos pesados, história que é verdadeira e que, certamente, os óscares de Hollywood vão recompensar. A crença ilimitada dos americanos em recuperar a glória - e dos deserdados e desempregados na depressão - e o poder espelha-se neste filme do homem cinderela (parece uma história de fadas a recuperação da pujança e força no ringue do antigo campeão, retornado campeão), adaptável ao American Dream .
Mas o que me interessa ainda destacar é a importância da rádio em toda a história, mormente na longa sequência do combate final, em que Braddock se sagra campeão. O encontro é transmitido pela rádio (NBC), um empolgante relato que só a rádio consegue dar (a rádio é um meio quente, dizia McLuhan com toda a razão).
Se há jornalistas da imprensa escrevendo directamente para as máquinas de escrever, a figura do relatador é fundamental. É que, além da assistência, há muitos americanos que acompanham o longo combate (15 ou 16
rounds, perdi-lhe a conta) através da rádio: no bar, em casa de familiares de Braddock, na igreja (!) e na rua (por altifalantes).
A rádio - naquele tempo de 1928-1935 - vivia os seus anos de ouro.
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