Coisas e Coisas
sobre o gostar
Livreto lançado no fim de 2006.
Para você que é um entusiasmo puro.
Agradeço a todas as belas visões... às roupas atemporais, à minha boca assada e língua arranhada e à beleza que desconhecia, já conhecendo.
Prefácio
Talvez a soma das horas que sustentam um clipsidra não seja o número certo, a última chance não seja aquilo que a insone precisa.
Do que importa o que não dizemos?
Pra quem vai o que não sentimos?
Estranhamente doce.
Volúpia singular de um castrado.
Ganham dos astros em distância esses escritos nem tão breves, mas tão efêmeros numa lógica pueril.E qual lógica se faz necessária, a dos corpos que se flagelam buscando outros?
A lógica dessas moças encantadoras que confessionais deixam as regras do mês mancharem seus vestidos, sujando seu encanto de porra ou sangue?
Enfim, dessas moças encantadoras pouco sei.
É questionável a verdade que é julgada inexistente na História, talvez seja o que brilha pra quem vai, sondo, e sinto duvidoso pra quem fica.
Talvez a moça é que tenha sido breve e não os escritos... Os escritos...
Bom, esses hão de entrar em órbita, num sorrir discreto dum novo rosto, nos olhos de uma nova moçoila com o mesmo encanto (a sensação é sempre a mesma), com bondade ou não.
Amanda Cristina Carvalho
Breve escrito sobre uma moça encantadora
Este é um escrito sobre a espontaneidade.
Uma frase dita no primeiro dia teve a intenção de poupar meu tempo, segundo ela. Não houve motivo para alarde, pois meus olhares não visam coisas que não consigo ao menos imaginar – sendo racional neste momento. Gosto das pessoas. Mesmo achando que não me dou bem com elas. O contato com a moça de tantos adjetivos é majestoso.
Poupe seu raciocínio e não observe euforia. Mania de vergonha. Vergonha mesmo. Entusiasmante... Hum? De onde vem a euforia, pois a frase enfática enfatizou tudo!? Não sejamos totalitários! Digo-lhes de onde vem... quem permanece inalterado? Você? Bom que não o conheço. Um a menos. Vejo… eu vejo… e abro um sorriso.
Não encontro nenhum termo. Já deves estar acostumado que não gosto de conceitos. E… sentir não se conceitua. Já sabendo que, costumeiramente, as pessoas realizam más supervalorizações.
Gosto dela.
Esses dias indagava sobre isso. Vi a excelência desta percepção e concordei que mostra meus dentes. Alegre… Percebendo sem querer...
Espontâneo, espontâneo… tão claro como uma metáfora fácil. Sem intenção… Desnecessário dizer… a verdade não existe na História.
E fico meio sem saber o ponto da exibição. Aos olhos da primeira pessoa é uma obviedade vista de longe. Deve ser como pensar em uma tolice não tola que se expreme num saco de vontade. O nó se abriu…
Sincronias empatadas… e os resultados extras, simplesmente, são resultados extras. Ele abre a boca e diz, sozinho: – Não teria como ser diferente! Acho que, também, é uma questão de empate. Agraciáveis feições… que não desejaram as boas expectativas, causando-as, sorrateiramente.
Nisso, a vontade de ler algo que não se tem acontece ao lado de um período contemplativo. Palavras emaranhadas... dizem que no exato instante da passagem por aqui, estarei conexo-distante, imaginando absurdos ridículos que fariam ela rir. Nitidez feliz... como se soubesse combinar a blusa verde. Estava combinando! Essas coisas não premeditadas… evidenciam o “bobo e bonitinho”, bem como a plenitude inexistente que esta moça causa. Harmonia...
Uma incrível insistência sensível...
Grande exaltação… para você!
***
"Ela só tinha só 17 anos. Você sabe o que quero dizer. E o seu jeito estava longe de comparações. Como eu poderia dançar com outra depois que eu a vi parada lá?
Ela olhou para mim e eu pude ver que não iria demorar para eu me apaixonar.
Nunca dançarei com outra depois que eu a vi lá parada...”
Era a contenção do sentimento tão dentro de si mesmo que levava à tristeza. O sufocamento de um querer loucamente… tocar em seu rosto e dar-lhe um beijo louvável...
Supremacia.
Em vez disso, acordei com um grito de raiva e dizendo em alta voz: Vai se foder... vai se foder...
É o tal querer que, quando frustra, somente transparece a clareza. Mas... não acredito nisto!
Resolvi, por alguns segundos, que era provocador de medo. Logo me cansei de pensar nessa tolice e vi que o não concreto permaneceria erguido! Por um lado é concreto.
Como dizer: “Quero conquistar-te”. Bem assim. Abra seu sorriso radiante e deixe que te acolhas como Nastenka.
Quis acreditar que tentavas levar-me ao ciúme. Idéia infundada. Depois riríamos do seu feito. Pediria para não fazer de novo, pois sou sensível. Excelente se apegar sem qualquer sentimento... Desta vez me pegou de jeito. Bonito!
***
E deixando os tempos verbais de lado... ontem... como o fato de se esconder do parente com eficácia. Perfeito. Tomara que a tal frase: “Esqueçamos para sempre isso” – um risco – seja, naturalmente, esquecida e deixe que o desejo forte – bem forte – se estabeleça.
Até dancei… e escuto músicas dançantes!
“…que bom ser fotografado, mas pelas retinas desses olhos lindos…” Se bem que requero suas pálpebras.
Bárbara!… escusas pelo chavão, mas és um bem querer.
***
“Nos cigarros que eu fumo te vejo nas espirais. Pensando em ti lalalala…”
“Pára… pára… pára…” Ah… não paro, moça com “bunda gorda” – que mentira! Tão redondinha...
Deixando de lado seus belíssimos atributos físicos, quero exaltar – mais uma vez – o enorme querer por esta menininha “não séria e enrolada” que me magnificou com sua presença que, realmente, entusiasma minha vontade. Agradeço por meus dentes fortes que comem “carne de pescoço” com grande prazer…
***
Sem graça eu fico quando ela questiona a razão do encantamento. Mesmo tímido, tento elucidar seu jeitinho que cativa sempre mais. Uma inquietação, incrivelmente, saudável.
Sinto que estas palavras não expressam o sentir latente que se estabeleceu e me faz olhá-la nanando, franzindo a sobrancelha… ou sua respiração forte sobre meu peito… ou o abraço deitado que aquece... ou indagando o jogo que o tio com filho barrigudo joga no seu estabelecimento... ou arrancando em segunda marcha... ou discutindo aquela religião do chá... ou ouvindo que a banda x é boa e devo conhecer... ou o contar das travessuras das filhas... ou resmungando contra o barulho dos autos... ou sorrindo… ou deixando pousar minhas mãos nos seus formidáveis seios... ou me pedindo para segurá-la com força… ou perguntando se estou gostando da “cadelinha linda”… ou ouvir seus gemidos sem palavras... ou, puramente quando sobressai algo em mim ao vê-la chegando ao longe… ou… ou… ou…
Inevitável não gostar de você... menininha que dorme com os pés cruzados…
***
Se fosse usar alguma forma gramatical absurda, diria que ver dois aleijados com a mesma aleijadura seria igual à provocação incomparável que a pequenininha me trouxe. É tão absurdamente fantástico.
Usando a palavra poder de uma bela forma...
É o desejo, não apressado, que transborda o lado individualista existencial que rompeu com o individualismo existencialista, já que, mais uma vez – são tantas –, me faz pensar nesta bonita dupla que caminha pela suave chuva num território com características européias. Sem problemas... não gosta do frio... me transformo no cobertor que a aquece da forma mais bela que possas sentir o calor.
Ah… os romancistas brasileiros do século XIX… que estas palavras possuam a mesma intensidade singela que expõe o encantamento pela donzela.
Seria como as imagens de 1979… com a música servindo de ritmo. Isto é uma coisa que quero – olhe só – contar direto para a moça. Serão algumas poucas palavras sem nexo… que entenderá! No final abro um sorriso para finalizar a intensidade – que não se finaliza – da minha explicação. É, também, como meninas vestidas de branco, rosa e azul, levantando seus braços para formar a flor.
Soaria “brega de coração” dizer que tantas vezes tem surgido a palavra sorriso. Há oportunidade de não abrir outro? E outro? E outro?…
***
Depois de muito, sentei em frente ao som e pus-me a divagar sobre o assunto que nos enriquece e enfraquece-fortalece – os sentimentos. Coloquei uma música carregada de sentimentalismo específico e pensei nela.
Suspirante garota....
Não pensem que desconheço o mergulho; só não penso em abandonar o “éden infernal” – que é tão divertido.
O marasmo estabelecido… até que um dia aí ela me apareceu. De linda forma.... Resisti, talvez, um dia. Resistência sem vontade. Precaução. Já na segunda vez que as cervejas embebedavam minha ansiedade, esperei pelo momento exclusivo para derramar a vontade de beijar aqueles lábios macios e envolvê-la em meus braços. O tal momento não foi identificado. Nem no terceiro, no quarto... Inquieto, resolvi criar o tal momento. Dentro de minha razão evidenciadora, escrevi-lhe uma carta que deixava, subjetivamente, claro o anseio. A resposta que a esbelta moça me deu tinha as mesmas características subjetivas. Isso me alegrou. E como não consegui achar sua voz através do número discado, criei um objetivo falso para não evidenciar o verdadeiro – que “sempre está em harmonia consigo próprio”. Encontrei-a no mesmo lugar que tem uma beleza produzida por ela. O frio era forte naquela segunda... A bebida quente não esquentava o que só ela poderia fazer. Pois bem, indaguei-lhe, objetivamente, com uma vergonha que durou um tempo menor do que imaginava e sua resposta foi vaga perante a infantilidade das minhas palavras. Ficamos naquele bar um bom tempo. Depois, entramos no seu carro e repetiu o que eu havia dito: “arrisca”. Arrisquei! Aderência de bocas ora suaves... ora vulgares… Seguimos… para pararmos durante um tempo grande-pequeno e extrapolarmos, contidos, a vontade. Ah, pequena moça… a transformação de sua voz...
***
Após esse dia, a intensidade cresceu… cresceu. Breves-longos dias se passaram… Juntos de novo! Dentro de um bar vermelho e branco, acomodados em cômodas cadeiras de palha, bebericando… Resolvemos caminhar... ela saboreava um delicioso salgadinho e falava dos malefícios que ele provocava nas crianças. Portanto, suas filhas comiam salgadinhos no fim-de-semana. E pronto!
Rumamos para o velho-oeste mal contemporâneo que é essa bosta de lugar onde vivo. No entanto, meio caminho ela pergunta-convida
– Vamos para minha casa?
– Vamos.
Sentiria mais uma emoção. Quantas coisas boas esta moça me traz!
***
Banheiro ambicionado, televisão ligada, sua cabeça no meu colo… Peguei-a no colo e… saímos, acho, doze horas depois…
Aquele sorriso de êxtase…
Dentro do tempo, indaguei:
– Seja minha namorada.
– Não posso namorar. Sou toda enrolada.
Disse-lhe: não insistirei no assunto, contudo pense nisto, tá?
Que necessidade de contar a curiosidade do dia... Ela entenderá a surpresa. Na hora do valioso término da ouvidoria de coisas desinteressantes, arrumava os papéis dentro da pasta verde quando, de repente, chegou o falante de coisas desinteressantes e disse:
– Você não tem dom para vendas.
Meu silêncio.
– Você tem um jeito intelectual para a função.
Abri um curtíssimo sorriso enquanto pensava como havia chegado naquela conclusão. Claro que não perguntei, pois sua resposta não convenceria o absurdo dito.
Talvez ela ache graça. Perdi um emprego idiota por olharem pra minha cara e dizerem que não tenho a cara necessária para a medíocre tarefa oferecida.
***
Água forte
Éramos um casal célebre. A minha celebridade não foi esclarecida no sonho; a dela... uma coroação.
“…querendo trabalhar meu lado sensibilidade agora eu quero só você pra gozar de verdade. De verdade.”
A parte feminina da dupla que anda de braços entrelaçados é receptora de tantos desejos bons… Ele, ela saberia dizer melhor, mas ele sente coisas boas. Observadas depois de vinte anos de intimidades…
É o jato de água forte.
De início tudo foi um grande susto. Enorme! A explicação não se sabe, pois trata-se de uma individualidade surrealista. E nem deve ser relevante! Daí, o susto até aumentou e hoje não se vê. Acho que seja pelo fato de breves frases supervalorizadas – que bonito – que comprovam a crença dos dois pelo sublime.
***
“– Tem o suficiente pra beber o resto da noite – perguntou.
– Claro que tenho, garota. E ainda tem aquele litro de uísque. Tá tudo certinho. Só quero ficar sentado aqui, vendo tevê e escutando o que você diz. Tá?
– Tá, Charley.”
Charles Bukowski in Crônica de um amor louco.
***
Deitados de lado um para o outro, conversam sobre a música do caminhão de gás. Na infância era uma buzina apertada o tempo todo.
Há, também, lembranças de fatos estranhíssimos. Perdi o papel para cigarros. Caiu no chão e não mais achei. Esqueci. O vento apareceu. No meu pé trouxe o papel para cigarros.
***
E eu fico esperando a hora de te ligar para marcar o encontro antes da viagem que te tirará de mim por mais um final de semana. Poderia eu ser rico e resolver dar um passeio pela cidade praiana em que estarás. Tirar-te-ia do trabalho e andaríamos de bondinho, pendurados no cabo e você no meu pescoço.
***
E o amor... tão dito... e ainda com coragem para dizê-lo.
Com a verdade absoluta… ofereço. Topará, quem sabe, pelo simples gostar.
***
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