- Não. Não me arrependo de nada! Nem do mal que causei, nem do mal que me causaram. Não me arrependo do que fiz e do que deixei de fazer. Não me arrependo da felicidade que tive, nem da felicidade que poderia ter proporcionado e não fiz. Não me arrependo do tempo perdido e nem do ganho. Não me arrependo dos amores ganhos e nem dos perdidos. Nada. Não me arrependo de nada.
E morreu. Na vitrola tocava "Ne me Quitte Pas". Mas, desta vez, não era ela que pedia para não ser deixada. Era ela quem deixava a todos. Era ela quem partia. Era ela que faria falta. Era ela que dizia que não se arrependia de nada. Eu, por outro lado, parecia ter escrito a música que tocava. Eu, em silêncio, implorava para que ela não partisse. Minha vontade era conter sua alma com a mão, inflar seus pulmões com meu sopro, bombear seu coração com minha paixão. Eu me arrependia. Me arrependia por não ter amado mais, falado mais, passado mais tempo com ela. Mas, quem era eu para compreender? Eu tinha dezenove anos... eu tinha tão pouco para entender o que acontecia. Eu não entendia como ela podia partir com tanta tranquilidade. Ela não entendia que eu sofria e precisava dela? Ela não entendia que eu ainda não podia suportar o mundo?
Eu... eu... eu... Na época essa era a palavra que eu mais usava... "Eu" tinha a impressão clara de que o mundo girava ao meu redor. "Eu" tinha a impressão de que ela ter me deixado era uma falha dela. "Eu" levei anos para perdoá-la. "Eu"... "eu"... "eu"... Na época eu achava que ela necessitava do meu perdão... Achava que as pessoas se importavam com o que eu pensava... Achava que... ah, tantas coisas tolas! Eu tinha uma necessidade imensa de escrever e opinar sobre as coisas. Tinha uma necessidade imensa de deixar minha marca sobre o mundo. Achava que no mundo só havia espaço para pessoas com opinião. Pessoas que fossem seguras e tivessem todas as respostas. Sendo assim, eu tinha todas as respostas, para todas as perguntas, que nunca foram feitas.
Eu sabia... sabia tudo... sabia sempre... Eu compreendia que o mundo era ruim porque existiam pessoas boas e ruins! Eu compreendia que existiam diferenças sociais porque existiam pessoas que estavam certas e pessoas que estavam erradas. Eu compreendia tudo porque, pra mim, o mundo era divido somente em dois: certos e errados, bons e maus, feios e bonitos... os que me abandonavam e os que permaneciam comigo. Ela, neste momento, pertencia ao grupo dos que me abandonavam... logo ela estava errada... logo ela era má. Mas, como isso poderia acontecer? Como poderia eu amar alguém que era má? Alguém que estava jogando no time adversário... sim, porque eu... eu estava sempre do lado certo... sempre... sempre...
Assim, essa dúvida germinou em mim... e, com o tempo, aprendi... muitas coisas... amei muitas vezes... falhei tantas outras... pintei... escrevi... tive filhos... viajei... comprei coisas... xinguei... me arrependi... usei de todos os verbos... e cheguei até aqui... hoje...
- Não. Não me arrependo de nada! Nem do mal que causei, nem do mal que me causaram. Não me arrependo do que fiz e do que deixei de fazer. Não me arrependo da felicidade que tive, nem da felicidade que poderia ter proporcionado e não fiz. Não me arrependo do tempo perdido e nem do ganho. Não me arrependo dos amores ganhos e nem dos perdidos. Nada. Não me arrependo de nada.
*Post inspirado no filme "La Môme" (Piaf - Hino ao Amor) e, é claro, na vida!
- The Last Kiss...
Quando eu a vi pela primeira vez, eu já sabia. Ela veio vestida de preto, suave e delicada. Não era como sempre me pintaram. Não dizia as coisas que sempre me disseram que ela falaria. Ela chegou como quem não queria nada de mim. Tocou meu rosto...
- O Bilhete
A frase ficou martelando na minha cabeça. "Eu não fiz por mal." Tão simples, não é? Fazer o que se faz e depois, deixar uma frase dessas num bilhete de suicídio. Como se uma frase pudesse apagar todo o passado. Como se uma frase pudesse mudar...
- No Fundo Do Poço...
- Ei, tem alguém aí? Foi a primeira coisa que me veio a cabeça gritar. E... nada! Nada mesmo, nem um eco. Nem estática. Nada. Um nada vazio e absoluto. Para falar a verdade, nem o grito saiu. Foi só um intento. Um impulso. Um esgar. Uma tentativa,...
- ...assimcomosefossemáquina...
........ como se fosse máquina suas mãos começaram a digitar sem parar como se uma torrente de palavras atingissem seu cérebro não havia tempo para nada nem havia vontade também de buscar uma forma de expressão mais adequada à compreensão de...