Coisas e Coisas
Como quem ama...
Como quem coloca uma flor sobre um túmulo.
Foi assim que ele apoiou a mão dela, uma sobre a outra e disse "boa noite".
Como quem se despede para sempre.
Foi assim que ele apoiou a mão dela, uma sobre a outra e disse "boa noite".
Como quem sangra.
Foi assim que ele apoiou a mão dela, uma sobre a outra e disse "boa noite".
Tudo começou em um dia normal. Como hoje. Como qualquer outro dia. Algo corriqueiro, que poderia acontecer a qualquer um de nós. Um homem olha para uma mulher e se apaixona. Um homem que está buscando uma mulher para poder chamar de "sua".
E então, nesse dia normal, esse homem viu essa mulher. E achou que "sim". Essa poderia ser ela. Essa mulher poderia ser sua princesa. Essa mulher poderia ser a mãe dos seus filhos. Essa mulher poderia ser quem ele estava buscando há tanto tempo.
E observou-a durante um tempo. E cuidou-a a distância. E descobriu seus gostos. E descobriu suas virtudes. E decorou todas as suas expressões. E foi conhecendo-a profundamente. Esperando, ou melhor, desejando que ela fosse, finalmente, sua escolhida.
Ele era um homem de bom coração.
E ela era, ou parecia ser, exatamente tudo o que ele esperava.
Era recatada, sem ser chata. Era sexy, sem ser vulgar. Era inteligente, sem ser pedante. Era divertida, quase sempre. Era charmosa. Linda e desejável.
Na primeira vez em que se encontraram (pelo menos ela pensava que era a primeira vez!) trocaram apenas um "bom dia" no elevador. Ele sorriu e foi simpático. Ela também. Ela desceu no mesmo andar de sempre. Ele ainda teve que continuar, fingindo ter algo o que fazer no prédio em que ela trabalhava.
Na segunda vez, ele fez menção de dizer algo, mas ela recebeu uma chamada no celular. Pediu desculpas e retirou-se para conversar animadamente com uma amiga.
Na terceira vez, ela estava acompanhada por alguém do escritório. Estava radiante e falava muito. O outro homem lhe tocava os cotovelos. Conversaram sobre o fechamento de um negócio. Falavam em comemorar. Falavam em ir a um clube dançar.
Ele não conseguia compreender como ela podia ter feito aquilo com ele.
Tudo bem ter amigos. Tudo bem comemorar algum feito estúpido. Mas, ignorá-lo? Deixa-lo de fora da comemoração? Não perceber que sua vida era (e seria sempre) incompleta sem ele por perto? Isto não era certo!
Foi então que ele percebeu que tudo aquilo era uma grande mentira. Ela nunca foi perfeita. Só fingia. Só queria parecer perfeita para que ele se encantasse com ela. Ela era como todas as outras. Uma mulher normal. Cheia de defeitos. Cheia de vaidades. Ela não o merecia.
Quando ela chegou em casa, tarde noite, depois do clube, ele a esperava.
Não houve muito tempo para discussões. Ele falou. Quase todo o tempo, só ele falou. Ele explicou o quanto ela era má. Ela pareceu entender. Na verdade, ela ficou quase todo o tempo jogada no chão. Perto da porta do quarto. Jogada no chão, seminua.
Como quem coloca uma flor sobre um túmulo. Foi assim que ele apoiou a mão dela, uma sobre a outra e disse "boa noite". Como quem se despede para sempre. Como quem sangra. Como quem ama...
loading...
-
O Amor Nos Tempos Do Pescoção
O foca já se preparava para ir embora naquela noite de sexta-feira. Tinha um encontro marcado. Mas foi surpreendido pela notícia de que teria de trabalhar até as duas da manhã no pescoção. Nem sabia o que era um pescoção. Havia sido tão difícil...
-
Não Sei Dizer O Momento
. .. ... - Não sei dizer qual foi o momento em que pensei, este corpo não me pertence. Na verdade não sei dizer qual foi o momento em que pensei, este corpo. Mas, desde sempre percebi minha inadequação. A vontade de dizer, não. A vontade de dizer,...
-
O Triste Fim De Carolina Villenflusser... Talvez Tenha Acontecido Assim...
Quer entender este texto? talvez seja bom clicar na foto primeiro! - Você não foi a primeira Carolina... mas, algo ocorreu naquela noite... talvez tenha sido porque você foi a número 8... talvez tenha sido a maneira como nos conhecemos... você,...
-
No, Je Ne Regrete Rien!
- Não. Não me arrependo de nada! Nem do mal que causei, nem do mal que me causaram. Não me arrependo do que fiz e do que deixei de fazer. Não me arrependo da felicidade que tive, nem da felicidade que poderia ter proporcionado e não fiz. Não me...
-
Aquela Dor
... um tipo de sensação inexplicável! Era tudo que conseguia dizer sobre isso. Era mais ou menos sem explicação e ao mesmo tempo tão presente. Era algo que habitava, constantemente, seus sonhos. Habitava suas memórias. Habitava seus músculos...
Coisas e Coisas