Coisas e Coisas
a loira e a morena
Viagens a serviço podem transformar-se em uma bela diversão. Alguns tropeços, nada mais.
Lá se vai Serafim; visitar importante cidade interiorana. Esse era seu objetivo.
Percorreu linhas dos mais variados tipos. Férreas, ruas, poeiras...
Na linha que levava ao agradável hotel, iam Ulisses, Cachorrão e Serafim. Caminhavam apressadamente, pois queriam inalar a linha branca estendida sobre a mesa do quarto. Fissura tamanha!
Pegaram a chave no saguão da hospedagem e nem quiseram saber do elevador. Quarto 114.
Rompem e, em seguida, trancam a porta. Cachorrão já havia tirado da carteira o produto. Ulisses, como desconhece este mundo, descansa em sua cama.
– Ô, velho, consegue um cartão?
Reclamando, Ulisses levanta da cama e oferece o bendito cartão, segundo o próprio.
Serafim acende uma cigarrilha enquanto se observa no espelho. Apavora-se com o que vê.
Linhas feitas faltava a nota. Esta, Serafim faz questão de preparar.
- Vai lá, Serafa! Grita Cachorrão com seus dentes cerrados.
Uau! Serafim se levanta trincado; pega sua grana e atira seu corpo na cama macia. Cachorrão caminhava de um lado para o outro numa inquietante atitude.
II
– Olhem para isso! Pula Ulisses.
Enquanto o outro deslizava, o um puxou a cortina e viu duas belas – belíssimas – bebericando “long-nets”, como brincou Ulisses.
A loira e a morena. Estupendas! Fumavam e iam para a sacada bater o cigarro. A separação se dava por, aproximadamente, 15 metros, que de nada importunava. Que vista!
A luz se apagou – a morena quis. Escutavam, em alto e bom som, uma melodia brega; “... e toda a noite, no meu quarto, vem me entorpecer...”. Serafim estava abobado com o que via. Ele e Ulisses combinaram aplaudir a insinuante dança da morena.
Ela provoca, simula a penetração, dá tapas em suas salientes nádegas e rebola, rebola.
Com o fim do som, bateram palmas abundantemente.
– Bravo, bravo! Disse Ulisses.
Serafim não sabia o que acontecia em sua cabeça ligada. Contudo, perguntou:
– Podemos ir até o apartamento de vocês?
– Claro. 202.
Cachorrão não estava incluído nesta aventura; tinha melhor companhia. Bela branquinha!
Serafim cheirou mais uma linha, guardou uma cara em sua carteira junto ao seu baseado.
III
Desceram rapidamente as escadas. O desejo era outro. Amar a morena; vê-la dançar apenas para Serafim. Ulisses lembrou que deveriam passar numa farmácia, mas isso seria mais tarde.
Em dois entusiasmantes minutos estavam na frente do prédio destinado. Nesse tempo, imaginaram muito.
Serafim apertou levemente o botãozinho que lhes foi indicado. A porta se abriu. Correram até o elevador com sorrisos bonitos.
A porta daquele apartamento já estava aberta e a loira esperava-os.
– Boa noite. Sussurrou.
– Boa noite. Responderam em coro.
– Entrem.
– Licença.
Serafim percebeu que a loira estava interessada em Ulisses. Sentaram no sofá e trocaram seus nomes. Ela chamava-se Nathália. Onde estaria a morena?
– Sua amiga se foi? Pergunta Serafim.
– Toma apenas um banho.
Agora sim. Perfeito! Ulisses e Nathália começam a trocar intimidades e ele terá a morena.
Imaginou cheirar uma linha, naquele corpo que, daqui a pouco, contemplará ao seu lado.
De onde estava sentado, Serafim via Cachorrão na janela do hotel e uma porta – provavelmente de um quarto – fechada.
IV
Resolveu fixar seus olhos naquela madeira. E, realmente, quando se abriu, dela saiu aquela morena fenomenal.
O coração, que já estava acelerado, disparou numa overdose.
– Oi. Perdão, mas estava banhando-me.
Que vozinha.
– Imagine! Sua graça?
– Elisabeth.
– Serafim.
Ulisses também se apresentou, mas Serafim o olhou feio e, novamente, voltou-se para Nathália.
V
Elisabeth era mais linda do que se imaginava. Seu pescoço arrepiado pedia um beijo; seus seios eram possuidores de duros mamilos – observados por cima da blusa preta. Aquela mulher era o sonho de todos os homens.
– O que fazes na cidade? Elisabeth puxa conversa.
– Trabalho.
– O que fazes?
– Junto palavras.
– Um escritor?
– ...
E assim se foi...
VI
– Tens conhecimento do prazer recolhido que sinto ao vê-la tão linda? Galanteia Serafim.
– Gostaria de conhecer o seu conhecimento. Responde Elisabeth, olhando para a região sexual de Serafim.
– Encosta-se a mim.
– Não me cante.
Abraçaram-se e os beijos surgiram ferozmente. As mãos procuravam conhecer os corpos. A persiana foi fechada. Dela surgiu a dança.
– Danças para mim?
– Claro.
- A mesma canção?
Sem responder, Elisabeth ligou o aparelho de som com aquela melodia.
Ela era a menina veneno. Rebolava seu corpo intensamente. Provocava muito mais. Serafim chamou a advogada – esqueci de avisar – para juntarem seus sexos. Prontamente, estava ela cavalgando. Parecia sedenta há tempos. Não queria parar nunca. Entretanto, após 3 horas ininterruptas, resolveram dormir. Abraçaram-se e ficaram no sofá. Adormeceram.
VII
Serafim logo acordou. Olhou aquela mulher sobre seu corpo. Novamente entusiasmou-se. Viu o relógio na parede; estava na hora de ir. Acariciando Elisabeth, despertou-a. Transaram mais uma vez e a última linha foi cheirada naquela perfeita barriga.
– Venho aqui morar.
– Te recebo na hora.
Um beijo ardente selou a despedida.
VIII
Ulisses abriu a porta do quarto e indagou sobre os acontecimentos. Serafim nada respondeu; seu semblante era inconfundível.
– Nathália e eu trocamos alguns beijos, apenas. Invejo-te.
Todos invejam.
Não havia tempo para mais nada, a não ser arrumar as malas e acomodar-se no carro.
O triste fim é saber que a morena apenas dançou ao longe e não abriu a porta.
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