Coisas e Coisas
TEATRO RADIOFÓNICO E TELEVISÃO (III)
[continuação das mensagens de
13 e
18 deste mês]
No livro
Produções Fictícias. 13 anos de insucessos, Inês Fonseca Santos traça o percurso de vida da produtora de humor (e de outros géneros), desde o começo de actividades até ao começo deste ano. Não constitui um texto de reflexão sobre a criação e produção nas indústrias culturais, caso da televisão, mas sim um trabalho descritivo dos projectos abraçados por um grupo de criativos reunidos empresarialmente.
Ao longo das 347 páginas, emerge a figura de Nuno Artur Silva, antigo professor de Português no ensino secundário (Olaias, Lisboa). Antes de ser conhecido nos media, ele mandava textos de humor para a televisão, repetidamente ignorados. Estando a organizar recitais de poesia, música e fragmentos de textos no Jardim Botânico, dois actores abordam-no e, sabendo dos textos do jovem professor (através de José Nuno Martins), pedem-lhe para escrever para um novo programa televisivo (de Joaquim Letria).
Depois, nasceria o
Produções Fictícias Apresentam, nome de uma produtora ainda sem existência legal e que criava conteúdos para televisão, parodiando os géneros existentes na televisão. Conjuntamente com Rui Cardoso Martins, Miguel Viterbo e José de Pina - além de Nuno Artur Silva -, os pioneiros de uma aventura que mal começava a despontar. Seguiram-se as colaborações com Herman José (
Parabéns,
Herman 98,
Herman 99,
Herman SIC). O livro, aliás, elucida-nos bem acerca da importância de Herman José no arranque e consolidação da produtora de humor, até pelo espaço dedicado às participações nos programas desse homem de televisão.
Os associados das Produções Fictícias (PF) viriam entrar um novo e valioso elemento: Nuno Markl, que tinha uma rubrica no programa na rádio
Prok Der e Vier, as aventuras de Abílio Mortaça, vendedor de enciclopédias.
Por volta de 1995, nascia a estrutura jurídica Produções Fictícias, com dois sócios: Carlos Fogaça e Nuno Artur Silva. Os restantes pioneiros do grupo, e outros que se haviam acrescentado, formavam os associados, ocupados apenas com a parte criativa e deixando as questões burocráticas para os dois sócios. Arranjaram um espaço para trabalhar, na travessa da Fábrica de Pentes, 27, às Amoreiras (Lisboa). O
Contra-Informação ia de vento em popa e trabalhava-se o
Herman Enciclopédia, com as PF nomeadas em 1997 para os Globos de Ouro da SIC e revista
Caras. O nome
Contra-Informação seria dado por Joaquim Furtado, então director-geral da RTP, que também o "colou" ao horário do principal telejornal da RTP.
Outra aventura com sucesso tem sido o
Inimigo Público, suplemento do
Público às sextas-feiras e dirigido por Luís Pedro Nunes. Para este, citado no livro, o suplemento nada tem a ver com o jornal, dada a diferença de cânones entre os dois. O director do suplemento destaca mesmo a falta de total sentido de humor do director do jornal (p. 173). A par do programa diário de televisão
Contra-Informação, as colaborações no
Inimigo Público são as que dão mais prazer aos membros das
Produções Fictícias (
O Procurador seria o primeiro nome do suplemento humorístico). Mais recentemente, o
Público traz um suplemento dominical, o
Kulto, orientado para leitores mais jovens e saído da fábrica de Nuno Artur Silva.
Associados às
Produções Fictícias, estão os sucessos de
O Homem Que Mordeu o Cão, de Nuno Markl, na rádio, e o
Gato Fedorento, de Ricardo Araújo Pereira, Tiago Dores, Miguel Góis e José Diogo Quintela, um blogue. Deste, os humoristas saltaram do meio de origem e tornaram-no em programa de televisão, livros e DVDs, numa prova de interligação e sinergias entre várias indústrias culturais. Refira-se que, apesar da associação às
Produções Fictícias, nenhuma destas produções leva o seu selo, embora seja a entidade que os agencia e produz.
Nos anos mais recentes, a equipa das
Produções Fictícias tem-se voltado para outros géneros além do humor. O livro destaca também alguns dos insucessos da produtora tais como
Não És Homem Não és Nada,
O Programa da Maria e
Paraíso Filmes.
Elementos suplementares: desde há pouco tempo, antes do noticiário das oito da manhã da Antena 1, o humor das PF sucedeu ao infeliz programa da
Palmilha Dentada. E, além de um filme em acabamento, as PF criaram uma nova linha de programas, como refere a
newsletter de hoje da
Meios & Publicidade: "Sob o nome PF/Business, a nova área de negócio das Produções Fictícias destina-se «a empresas, gabinetes de comunicação, elementos dos Conselhos de Administração e a todos os que compreendem a necessidade de comunicar de forma inteligente, actual e apelativa com os seus interlocutores profissionais»".
Leitura: Inês Fonseca Santos (2006).
Produções Fictícias. 13 anos de insucessos. Lisboa: Oficina do Livro
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Rtp
O Conselho Geral Independente da RTP terá proposto o nome de Gonçalo Reis para presidente da RTP e o de Nuno Artur Silva para administrador para a área dos conteúdos. Gonçalo Reis já esteve na RTP entre 2002 e 2007 (na direcção de Almerindo Marques),...
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Revista De Argumentistas E Dramaturgos
A APAD (Associação Portuguesa de Argumentistas e Dramaturgos) já editou o número 2 da sua revista trimestral dedicada ao cinema e ao teatro (ver aqui). O tema do número é Empresas de Guionistas, onde se destacam os seguintes textos: entrevistas...
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A Nova GeraÇÃo Da TelevisÃo
Titulam os jornais, como o Público de hoje, que os Gato Fedorento vão regressar à televisão em Outubro e na SIC. É um regresso ao grupo televisivo onde nasceram, depois de blogues e livros. O Público escreve que esta é a primeira conquista do...
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Do Que Mais Gostei De Ler No PÚblico De Hoje
Claro, o P2. Quatro páginas sobre as Produções Fictícias e Nuno Artur Silva, escritas por Adelino Gomes. Muito bem escritas e um grande complemento ao livro de Inês Fonseca Santos (Produções Fictícias: 13 anos de insucessos), e que aqui já comentei....
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Teatro RadiofÓnico E TelevisÃo (i)
Esta semana li os dois livros cujas capas estão aqui presentes: 1) Inês Fonseca Santos, Produções Fictícias. 13 anos de insucessos (347 páginas, editado pela Oficina do Livro), e 2) Eduardo Street, O teatro invisível. História do teatro radiofónico...
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