A NOVA GERAÇÃO DA TELEVISÃO
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A NOVA GERAÇÃO DA TELEVISÃO



Titulam os jornais, como o Público de hoje, que os Gato Fedorento vão regressar à televisão em Outubro e na SIC. É um regresso ao grupo televisivo onde nasceram, depois de blogues e livros.



O Público escreve que esta é a primeira conquista do novo director de programas da SIC, Nuno Santos, ele próprio regressado à SIC depois de ter estado na RTP. O grupo Gato Fedorento (Ricardo Araújo Pereira, Miguel Góis, Tiago Dores e José Diogo Quintela) é o produto televisivo mais rentável na televisão depois do futebol, adianta a mesma notícia. Ponce Leão, que dirigiu o canal público no intervalo entre a saída de Almerindo Marques e a entrada da nova administração, terá recusado renovar com o Gato Fedorento.

Na primeira temporada, a audiência do Gato Fedorento com a série Lopes da Silva foi de um milhão de espectadores, ao passo que as duas temporadas seguintes com Diz que é uma espécie de magazine alcançaram os dois milhões de espectadores.

Há aqui duas reflexões a fazer. A primeira é que a RTP perdeu para a SIC, logo numa altura em que ultrapassara o canal comercial em termos de audiência. Isto é: perdeu o director de programas e perdeu um programa âncora. A SIC, por seu lado, renova a geração. Os Gato são a geração depois de Herman José, igualmente um humor inteligente mas mais "limpo" (isto é, sem obsessões sexuais). Depois, são uma espécie de contracorrente ao pessimismo e conformismo dos seus espectadores. Francisco Penim, possivelmente, foi um gestor de transição da geração mais velha (Emídio Rangel, Manuel S. Fonseca) para a mais nova (Nuno Santos).

A nova geração da televisão poderá estar igualmente na entrada de Nuno Artur Silva para a direcção de programas da RTP (notícia igualmente retirada do mesmo jornal). Grande responsável pelas Produções Fictícias, de que escrevi nomeadamente
aqui e aqui, empresa de êxitos como Contra-Informação, Inimigo Público e colaborações com Herman José (Parabéns, Herman 98, Herman 99, Herman SIC), com 45 anos, Nuno Artur Silva, a concretizar-se a informação, leva um talento associado a áreas distintas como a imprensa, o teatro e a televisão para o canal público.

A segunda reflexão tem a ver com a análise que muitos fazem, considerando a televisão um meio a perder influência (como se diz dos jornais e da rádio), devido à internet e aos canais de cabo. Estas mudanças (contratações) revelam apostas de grande vitalidade. Humor, notícias, séries e novelas parecem estar a atrair uma geração mais jovem de espectadores, como estudos do OberCom mostram e os gostos dos meus alunos em trabalhos realizados nos últimos três anos indicam. Coisa que os canais generalistas de feixe hertziano continuam a saber fazer.




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