Coisas e Coisas
Origem e fim do matriarcado
Sobreviver na pré-história era um milagre diário.
As intempéries climáticas, as doenças, o frio, a fome e os inimigos de toda a espécie, particularmente os animais selvagens, tornavam a vida um fardo pesadíssimo.
Vagueavam errantes à procura da caça, colhiam vagas, grãos e raízes, vestiam-se peles de animais, dormiam em buracos e cavernas.
A caça e a pesca eram exercidas pelos homens, e a recolha de vegetais pelas mulheres. Estas cuidavam ainda das crianças, das lides caseiras, e tratavam dos homens feridos e doentes, o que era frequente, na luta que travavam diariamente.
A caça foi um factor relevante na socialização e solidariedade entre os homens, já que o faziam sempre em grupo coeso, e muitas vezes longe do local onde habitavam. Por sua vez, as mulheres tornavam-se solidárias entre si, e desenvolvendo um grande espírito de interajuda, ficando nos abrigos a cuidar da prol.
Os nómadas acabaram por verificar que, onde havia certas plantas ou cereais, no período seguinte nasciam plantas idênticas. Aprenderam assim que, espalhando os grãos na terra novas plantas surgiam.
Este importantíssimo passo levou ao nascimento da agricultura, e à fixação dos grupos, a um determinado território que, passou a ser a sua terra, a sua região.
Os grupos agora fixados num local, desenvolvem-se a partir de um grupo primário, a que se designa por clã.
Quando as famílias aumentaram, deram origem a novos clãs, que se fixavam próximo do clã original, desenvolvendo-se assim os agrupamentos, que tinham como chefe a matrona da família original, ou uma sua irmã.
Cada membro tinha responsabilidades na angariação de alimentos, na educação dos mais novos, bem como na defesa e protecção de todo o agregado.
Durante toda a época do nomadismo e mesmo no inicio da agricultura, as mulheres eram credoras de grande respeito, assumiam a direcção da economia doméstica, sendo as gestoras do lar, e as verdadeiras organizadoras da actividade produtiva da família.
O equilíbrio das relações era obtido e mantido, graças à reverência à mulher, por direito próprio e não na qualidade de esposa.
Por sua vez o homem não desempenhava qualquer papel nas primeiras relações familiares, a não ser a procura e obtenção de alimentos para o agregado familiar. Não só porque as relações mãe/filho eram fortes e duradouras, como também, porque os graus de parentesco só existiam através da mãe.
No matriarcado os pais eram incógnitos, já que as relações entre o acto sexual e o nascimento de um filho eram desconhecias. Não havia qualquer nexo causa efeito, entre a cópula e a gravidez. As crianças não conhecem nem têm pai. O seu nascimento era devido a geração espontânea, isto é surgiam do nada, atribuído a uma qualquer fenómeno sem explicação minimamente entendível. A mulher aparecia grávida por uma qualquer razão: porque tomava banho num determinado lago, ou porque apanhava sol, ou outra razão qualquer.
A criança era sempre muito bem -vinda e, era sempre e só a família da mãe que a educava e tratava.
A promiscuidade sexual era uma constante, cada homem pertencia a todas as mulheres e cada mulher pertencia a todos os homens.
Porque existiu o matriarcado
Por não se saber quem era o pai, só se conhecia a descendência materna e o local ou origem da mãe. Todas as políticas eram estabelecidas pela mãe, devido ao seu estatuto. Os filhos quando homens, eram seus seguidores e defensores em todas as situações.
As matronas eram proprietárias das casas e das terras, decidiam casamentos e da sorte dos prisioneiros de guerra, nomeavam chefes.
Fim do matriarcado
Com o desenvolvimento da capacidade produtiva: domesticação e criação de gado e a agricultura, dá-se o fenómeno de sedentarização, as relações passam a ser monogâmicas o papel social do pai começa a afirmar-se pouco a pouco.
A mudança da filiação da mãe para o pai tem a ver com a sucessão.
Com o aparecimento do conceito de propriedade mobiliária, aconteceu, segundo Engels, a derrota histórica do sexo feminino
A mulher começa a perder os seus direitos, e, aos poucos transforma-se num simples instrumento de reprodução e de prazer do homem.
O domínio do intelectual torna-se exclusivo do homem.
Ao homem passaram a ser atribuídos os papéis de força, racionalidade, competência, virilidade e inteligência.
À mulher coube-lhe os inomináveis papéis de submissão, secundarismo e até acefalia.
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