Coisas e Coisas
O NEGÓCIO DA INTERNET
No passado dia 6, escrevi sobre a empresa MySpace Music (música online) e a necessidade urgente de encontrar vendas que façam recuperar os investimentos. Anteontem, o jornal
i (texto de Ana Rita Guerra, páginas 36 e 37) descrevia o momento actual da empresa YouTube: apesar de ser o terceiro portal mais usado na internet, a seguir ao Google e ao Yahoo!, não é rentável e os seus custos operacionais crescem: € 578 milhões anuais, com mais de € 365 milhões de prejuízo (75 mil milhões de vídeos vistos por 375 milhões de visitantes únicos por ano).
Uma das dificuldades é a colocação da publicidade nos vídeos apenas quando autorizados pelos seus autores, ao contrário de outros portais, como o Hulu (não disponível para a Europa), que tem exclusivo de filmes e séries e pode vender publicidade em todos os vídeos que disponibiliza.
O mesmo jornal analisa o fenómeno Twitter, gratuito mas não sustentável por muito mais tempo. Ferramenta de comunicação, promoção e marketing, consumiu já € 38 milhões de investimento. Escreve Ana Rita Guerra: "À medida que a base de utilizadores cresce, o Twitter consome mais largura de banda e precisa de mais recursos - que não estão a ser pagos pelos fiéis seguidores".
Ainda a mesma jornalista escreve uma terceira peça sobre "Vida e morte de uma start-up", no que me parece o texto mais sério. Cito: "O início é sempre o mesmo. Aparece uma ideia fora do vulgar, que se transforma numa microempresa. Com sorte, capta algum investimento de capital de risco (não muito comum actualmente, devido ao colapso do sistema financeiro) e lança-se na internet. Ao princípio, a adesão é fraca, protagonizada pelos early adopters. Pode mesmo recolher críticas pouco abonatórias na fase imediatamente anterior ao que os analistas chamam «pico do entusiasmo inflacionado». Esta é a fase em que o Twitter se encontra hoje. De seguida dá-se uma queda abrupta das expectativas e chega-se ao vale do desespero: ponto crítico do qual muitas start-ups nunca chegam a sair. Se conseguirem recuperar, atingem a estabilidade - aquilo a que a consultora Gartner chama service plateau -, ponto em que se tornam verdadeiramente rentáveis".
A reflexão sobre a leitura destas notícias leva-nos a considerar como complexa e dúbia a ideia de internet gratuita. Além de questionar a ideia que este meio proporcionou uma total e livre distribuição e acesso de vozes até aqui silenciadas pelos custos de produção. Os custos de actividade são suportados por alguém, e vejo três hipóteses: pagamento individual, publicidade, mecenato. O acesso livre do criador depende destas formas de pagamento, pois o investimento de capitais de risco exige contrapartidas e um tempo experimental bem determinado.
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