O dia em que a Morte visitou o Jornal Impresso
Coisas e Coisas

O dia em que a Morte visitou o Jornal Impresso


- A Morte me visitando?

- A Morte. Nunca ouviu falar?

- Porra, claro que sim. Mas por que hoje, agora?

- Porque é a sua vez, ora. Todo dia visito alguém.

- A senhora vai me desculpar, mas hoje eu não estou pra brincadeira.

- Posso ao menos entrar? Podemos conversar com civilidade?

(Minutos depois, ambos tomam um café na sala)

- Sabia, dona Morte, que a senhora já me visitou antes?

- Ah, é? E quando foi? (colocando o adoçante)

- Quando inventaram a televisão.

- Mas isso faz muito tempo. Devia ser outra Morte. Eu estou no ramo há 15 anos apenas.

- Que seja. Mas era a Morte. A televisão vai acabar com você, me ameaçou. Hora de ir, de descansar. E cá estou eu, vivinho da silva.

- Eu não vim aqui para discutir o passado. O que me importa é o hoje. E hoje eu tenho ordens para te levar. Entendo que ninguém quer ir, mas é o meu trabalho.

- Pior que até sei a justificativa desta vez.

- A razão está aqui, no mandado de busca.

- Então, leia. Só para confirmar minha suspeita.

- Causa: pre-fe-rên-cia do pú-bli-co pela no-tí-cia na in-ter-net.

- Putz, que falta de originalidade! A velha história de que uma nova tecnologia de comunicação vai decretar o meu fim.

- Já disse, só cumpro ordens.

- Lamento, mas a senhora se deu mal. Pode acabar o seu café, levantar e ir embora.

- De mãos vazias, eu não saio.

(Silêncio)

- Bom, dona Morte, podemos negociar então?

- Podemos, mas não me venha com a merda do jogo de xadrez que isso é a coisa mais clichê que existe.

- Claro, sem jogo de xadrez. Também sou contra o clichê, embora viva cheio deles.

- Quero que você me dê três bons motivos para não ser levado. Se forem convincentes, deixo você viver por mais um tempo.

- Três?

- Isso, só três.

- Mas assim, pá-pum, sem pensar?

- Pá-pum! Estou dando a você a chance de salvar essa sua pele cheia de tinta. E não vale falar do feirante que enrola peixe, ok? Isso não é argumento.

- Bom, senhora Morte, digo que aceito sua proposta, mas peço 24 horas para responder. É justo, não? Quero fazer a coisa bem-feita.

- Amanhã à tarde, estou aqui. Sem atraso.

(E a Morte foi embora. Mal fechou a porta, ele correu para o escritório, abriu seu notebook e tratou de jogar a frase “razões para o jornal impresso não morrer” no Google)



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