Coisas e Coisas
NOTAS PARA UMA AULA DE TEORIA DA COMUNICAÇÃO (8)
A pesquisa etnográfica desenvolveu-se tendo em atenção os benefícios da participação individual do investigador, que lida com problemas do estudo de culturas alienígenas. Desde há muito que o trabalho etnográfico se tornou uma das ferramentas essenciais da sociologia. Teóricos como Schutz e Cicourel foram referenciais na mudança de interesse dos métodos estatísticos quantitativos para modos qualitativos de questionar documentos, objectos e registos, assim como a observação directa e as entrevistas mais geralmente associadas com a etnografia. O interaccionismo simbólico possibilita a medição das transacções entre grupos separados, como as agências públicas e os seus clientes. O realce do interaccionismo simbólico permite o registo empírico da acção e interpretação social.Um elemento fundamental na investigação dos cultural studies tem sido analisar e medir as relações complexas entre formas representacionais e ideológicas e a densidade ou “criatividade” das formas culturais “vivas”. Mas a corrente dos cultural studies, para além do interaccionismo simbólico, tem origens no weberianismo, na fenomenologia e na antropologia, visível no trabalho inicial de Phil Cohen (cultura da classe trabalhadora e cultura juvenil em East End), mas também nos trabalhos posteriores de Paul Willis (reprodução cultural, educação e processo laboral), Angela McRobbie (socialização do género, patriarcado e cultura juvenil), Dorothy Hobson (estruturas da experiência doméstica feminina e discursos mediáticos), Roger Grimshaw (estruturas da masculinidade, ideologia e família).As formas etnográficas iniciais associaram-se com o trabalho das subculturas, casos de Phil Cohen e dos textos mais etnográficos de David Hebdige, P. Willis e P. Corrigan. Mais importante, o método foi sendo generalizado e tornou-se central na investigação. Em todos esses estudos tem sido possível estabelecer uma relação particular entre teoria e etnografia.A presença mais forte dos interesses feministas no projecto etnográfico dos cultural studies daria voz a uma experiência pessoal de mulheres e raparigas estudadas na investigação.Leitura: Roger Grimshaw, Dorothy Hobson e Paul Willis (1980/1996). "Introduction to ethnography at the Centre". In Stuart Hall, Dorothy Hobson, Andrew Lowe e Paul Willis (ed.) Culture, Media, Language. Londres e Nova Iorque: Routledge, pp. 73-77
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A Morte De Stuart Hall
Eu não conhecia pessoalmente Stuart Hall nem nunca falei com ele, mas foi dos autores que mais me acompanhou nesta última década. Todos os anos eu falava aos meus alunos da escola dos estudos culturais (cultural studies) e da importância daquele jamaicano...
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Trabalho Nas IndÚstrias Culturais Em Murdock
Graham Murdock (2003: 15) começa o seu texto por destacar o papel das indústrias culturais e as profissões a si associadas. Cita Roland Barthes quando declarou a morte do autor e indicou o leitor como o fornecedor dos significados gerados pelos artefactos...
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CULTURAL STUDIES – II [continuação de entrada editada ontem, baseada no meu texto “Indústria cultural, tecnologias e consumos”. In Carlos Leone (org.) (2000) Rumo ao cibermundo? Oeiras: Celta] Em livro por si organizado, MacKay (1997) apresenta-nos...
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SOBRE OS CULTURAL STUDIES
Os franceses Armand Mattelart e Érik Neveu têm escrito sobre o movimento dos cultural studies, de origem inglesa.
A primeira empresa sobre a matéria que eu conheço deles foi publicada na prestigiada revista Réseaux,...
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CULTURAL STUDIES
[a partir de: Armand Mattelart e Érik Neveu (1996). Les cultural studies. Réseaux, nº 80]
Em finais do séc. XIX, preconizava-se o ensino da literatura inglesa nas escolas do Estado, de forma a transmitir valores morais e cívicos...
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