Coisas e Coisas
JORNALISMO E CIDADANIA
Michael Schudson estuda o papel dos media na democracia americana. Inicialmente, na educação colonial do século XVIII, a informação que o leitor precisava residia na virtude religiosa e não no incentivo da cidadania competente. Da parte dos candidatos, havia a obrigação a informar sobre os indivíduos ambiciosos e interesseiros nas eleições, mas não competia aos cidadãos a avaliação dos grandes temas públicos. Os fundadores da nação americana não favoreciam a publicidade às actividades governamentais e não promoviam a educação do grande público.Depois, nos finais do século XIX, os partidos políticos estavam mais interessados em distribuir cargos do que defender políticas. A bebida, o dinheiro e o drama eram as coisas que levavam as pessoas a votar. Os desfiles políticos começaram a rarear no começo do século XX, a par do incentivo a uma abordagem mais moral e orientada para políticas específicas. Foi quando as pessoas passaram a registar-se para poderem votar, reduzindo as fraudes eleitorais. Começou a haver eleições primárias para a presidência e os jornais tornaram-se menos partidários.Reformou-se o sistema de votação, com a mudança dos boletins de voto fornecidos pelos partidos para o fornecimento por parte do Estado. Até então, os votantes anunciavam em voz alta em quem votavam; a partir daí, o eleitor marcava o boletim de voto em privado.Isto é, houve uma transição lenta: 1) cidadão respeitoso no tempo dos pais fundadores (século XVIII), 2) cidadão partidário leal no século XIX, 3) cidadão informado na era progressista. Os reformadores conseguiram a elevação do eleitor individual enquanto instruído e racional, mas baixou bastante a participação política.A cidadania não consistia apenas em votar mas abria a frente de acção do cidadão comum. O novo modelo de cidadania acrescentou o tribunal à assembleia de voto como local de participação cívica. O sistema judicial tornou-se via alternativa para a consecução dos seus objectivos. Um dos mais importantes foi o movimento dos direitos cívicos e políticos dos afro-americanos, das mulheres e dos pobres.Quanto aos meios de comunicação social, Schudson atribui as seguintes funções democráticas:1) Informação: prestar informação imparcial e completa de modo a serem feitas escolhas políticas fundamentadas. Schudson destaca ferramentas como as entrevistas,2) Investigação: exercer vigilância sobre fontes de poder concentradas – especialmente sobre o poder governamental,3) Análise: fornecer quadros coerentes de interpretação para ajudar os cidadãos a compreenderem um mundo complexo. Os jornalistas ajudam a democracia quando explicam um acontecimento ou um processo complicado numa narrativa compreensível,4) Empatia social: revelar e apreciar pontos de vista de pessoas diferentes. As histórias de interesse humano fazem parte do jornalismo há muito tempo,5) Fórum público: proporcionar o diálogo entre os cidadãos e ser veículo das perspectivas de grupos sociais diversos,6) Promoção e mobilização: promover perspectivas e programas políticos específicos e mobilizar as pessoas no sentido de lhes darem apoio. Estas acções passaram a ser menosprezadas, mas a promoção de causas continua a ser importante nas páginas de opinião de muitos jornais e em talk-shows da televisão,7) Representação da democracia representativa.Leitura: Michael Schudson (2010). Cidadania e jornalismo. Citizenship and journalism. Lisboa: Fundação Luso-Americana
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Livros Sobre Media, Esfera PÚblica E Democracia
O texto de Michael Schudson resulta da conferência que deu em 14 de Abril de 2008 na Fundação Luso-Americana, Cidadania e Jornalismo (ver blogue aqui). No livro, em bilingue (português e inglês), encontram-se ainda os textos de Mário Mesquita,...
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Michael Schudson Em Lisboa
Michael Schudson foi, para uma assistente ao seminário dado por ele na semana passada, a (sua) bibliografia ao vivo. Leitora profícua dos trabalhos de Schudson, ela seguiu atentamente o que o sociólogo dizia, no seu tom sereno e lento, muito contido,...
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O Que Disse O Ministro Dos Assuntos Parlamentares No SeminÁrio Do Cimj
Ontem, na sessão de encerramento do seminário do CIMJ (Jornalismo e Actos de Democracia), Augusto Santos Silva, ministro dos Assuntos Parlamentares, fez uma comunicação sob a forma de quatro reflexões em torno do tema do próprio seminário. Para...
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SOCIOLOGIA DO JORNALISMO - UM LIVRO DE MICHAEL SCHUDSON O livro The sociology of news, de Michael Schudson, é uma introdução ao estudo das notícias. Schudson analisa a questão dos efeitos das notícias, caso do modelo hipodérmico, de propaganda...
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ESFERA PÚBLICA
Recuperei agora um texto de Michael Schudson (1995) enquanto preparava uma aula sobre o espaço público, onde ele critica Jurgen Habermas.
O professor californiano, com base em críticas que dizem haver um número reduzido de americanos...
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