ESTRELA SOLITÁRIA, O FILME DE WENDERS
Coisas e Coisas

ESTRELA SOLITÁRIA, O FILME DE WENDERS



A crítica não é muito favorável a Estrela Solitária, filme de Wim Wenders (título original: Don't Come Knocking, 2005), com Sam Shepard, Jessica Lange, Tim Roth, Sarah Polley, Marley Shelton. No Expresso, o crítico dá as estrelas ao filme por causa da fotografia (de Franz Lusting), comparando com o Paris Texas, a obra-prima do realizador alemão.


Eu gostei, mas a minha opinião vale pouco (tanto como a do crítico). O filme conta a história de Howard Spence, actor de filmes de westerns com uma vida agitada envolta em álcool e mulheres (as críticas falam em droga, mas não me apercebi disso na história). Um dia, foge da rodagem do filme em que entrava, em Monument Valley, e apanha um transporte (comboio, automóvel, autocarro) até Nevada, subdividindo-se a história em duas: 1) a vagabundagem de Spence, que o leva a casa da mãe (Eva Marie Saint), e até uma antiga amante Doreen, interpretada por Jessica Lange), onde descobre a existência de um filho de ambos, Earl (Gabriel Mann), 2) a perseguição da companhia de seguros que segurava o filme, através de um seu funcionário, acabando por o encontrar e levá-lo de novo às filmagens. No entretanto, descobre igualmente a existência de uma filha, Sky (Sarah Polley), fruto de outra relação ocasional por altura da realização de um western em Butte (Estado de Montana), prestigiada cidade do Mississipi ocidental, entretanto tornada fantasma após uma depressão económica.

Há semelhanças com Paris Texas (1984), literal e metaforicamente (Kathleen C. Fennessy, em
Amazon.com), a começar pela colaboração na escrita da história de Sam Sephard, agora também como actor principal, e ainda na revisitação ao sudoeste dos Estados Unidos. Naquele filme, a história centra-se numa criança que passa da custódia da mãe para o do pai, num percurso ao longo do espaço físico americano. As estradas, longas e desertas, bordejadas por povoações quase abandonadas (um road movie, chamou-lhe Wenders), repetem-se neste filme de 2005. Aqui, é a história de um indivíduo que descobre que é pai após o regresso a um local onde filmara, duas dezenas e meia de anos depois. A relação é violenta com o filho (jovem músico que lembra Chris Isaak) e mais calma com a filha, como se fossem o bem e o mal - ou até, o demónio e o anjo - duas facetas que poderíamos encontrar na personagem do pai. No enquadramento da obra, a música de T-Bone Burnett lembra a de Ry Cooder no filme de 1984. Harry Dean Stanton e Nastassja Kinski, no filme de 1984, cedem o lugar a Sam Sephard e Jessica Lange.

No texto já citado de Kathleen C. Fennessy, ela indica Estrela Solitária como um modelo de western pós-moderno. Mais simpático do que as críticas portuguesas!



loading...

- Sítio Certo, História Errada
Filme de Hong Sang-soo (2015), com Jung Jaeyoung, Kim Minhee, Ko Asung e Choi Hwajung. Num primeiro momento, o filme lembrou-me Lost in Translation, de Sofia Coppola (2013), com Bill Murray e Scarlett Johansson, um encontro entre um homem mais velho...

- A Rapariga Dinamarquesa
Filme de Tom Hooper (2015), com Alicia Vikander, Eddie Redmayne, Matthias Schoenaerts, Ben Whishaw, Sebastian Koch e Amber Heard. O filme conta uma história passada na Dinamarca, durante a década de 1920. O casal Einar e Gerda Wegener são dois pintores...

- O MÁgico - Uma EspÉcie De Retorno A Tati
O Mágico é um filme de animação dirigido por Sylvain Chomet, a partir de argumento de Jacques Tati, realizador francês falecido em 1982, e Henri Marquet. Narra a história de um ilusionista que vê a sua actividade em perigo (pouca assistência aos...

- Buddenbrooks
A ser exibido no dia de Natal, pelo menos no Reino Unido, o filme alemão de Heinrich Breloer Buddenbrooks, a partir do romance com o mesmo nome de Thomas Mann, promete dar que falar. O livro de Mann foi publicado inicialmente em 1901 e conta a história...

-
ANTES DO ANOITECER A crítica cinematográfica destes dias já disse tudo sobre o filme do americano Richard Linklater, com Ethan Hawke (Jesse) e Julie Delphy (Celine) nos principais papéis. O que posso acrescentar? Os longos planos, caso do diálogo...



Coisas e Coisas








.