Coisas e Coisas
Sítio Certo, História Errada
Filme de Hong Sang-soo (2015), com Jung Jaeyoung, Kim Minhee, Ko Asung e Choi Hwajung. Num primeiro momento, o filme lembrou-me
Lost in Translation, de Sofia Coppola (2013), com Bill Murray e Scarlett Johansson, um encontro entre um homem mais velho e uma mulher jovem, passado num país oriental, este no Japão e o outro na Coreia do Sul, em que a possibilidade de vida futura comum não tem qualquer probabilidade. Mas as semelhanças acabam aqui: enquanto o filme americano tem planos rápidos e uma montagem trepidante, o filme sul-coreano possui planos longos e fixos, exceto quando os dois conversam numa cafetaria e a câmara roda ora para um ora para outro lado. Hong Sang-soo procura mesmo uma harmonia nos locais filmados e os diálogos são lentos, quase ao mesmo tempo banais e filosóficos sobre a existência humana.
A história do filme mostra duas variações de um encontro romântico. O realizador Ham Cheon-soo, o senhor realizador como o tratam, chega à cidade de Suwon onde apresenta um filme seu e faz uma palestra sobre o mesmo a um grupo de estudantes. Chega no dia anterior e visita um palácio e centro de recolhimento sagrado. Aí, conhece a jovem Yoon Hee-jeong e descobre que é uma pintora no começo de carreira. Vê os seus quadros, janta com ela e segue-a para um encontro com amigos dela. A variação da história parte dos mesmos pressupostos mas apresenta algumas ideias de um outro ângulo. Por exemplo, se na primeira versão ele elogia a pintura dela, na segunda ele critica e encontra razões psicológicas de fuga à realidade na jovem. Na segunda versão, ele declara-se apaixonado por ela mas não pode ir além da declaração porque é casado e pai de dois filhos. Se na primeira versão ele sai enfastiado da conferência, dizendo mal do animador da sessão, na variação ele mostra-se encantado com o acolhimento na sessão de auditório.
Resumindo, o filme versa sobre as tentativas de abordagem de um indivíduo a um tempo e a um lugar, às suas múltiplas tentativas de ensaiar um caminho tipo "se eu fizesse isto". Ao mesmo tempo, o filme trabalha a ternura, os afetos e as possibilidades de êxito ou compromisso. É, por isso, um filme sobre a intimidade e as relações humanas.
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O que posso acrescentar? Os longos planos, caso do diálogo...
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