Coisas e Coisas
E se Judas não fosse o vilão que traiu Jesus?
O Novo Testamento diz que Judas Iscariot é o discípulo que traiu Jesus. Durante séculos o seu nome tem sido sinónimo de deslealdade e traição.
Uma das descobertas mais importantes da Arqueologia Bíblica traz uma nova versão da traição a Jesus. Descoberto por acaso nos anos 70 o manuscrito contendo o Evangelho de Judas, vendido duas vezes e roubado uma, foi finalmente entregue pela antiquária Frieda Nussberger-Tchacos, à Fundação Mecenas de Arte Antiga em Basileia na Suíça.
O Evangelho de Judas apresenta uma versão perdida dos últimos dias de Jesus, usando recriações dramáticas para retratar e esclarecer a complexa história de intriga e acções politicas dos primeiros dias do Cristianismo.
Encadernado em tecido e redigido em língua copta, o manuscrito - ou códice data dos secs. III ou IV e constitui a única cópia conhecida do Evangelho de Judas, cujo original terá sido escrito em grego por um grupo de gnósticos, antes do ano 180. A análise das 26 páginas do papiro, sugere que Judas estaria, afinal, a cumprir os desejos de Jesus quando o entregou às autoridades.
“O relato secreto da revelação que Jesus fez a Judas Iscariot durante uma semana, três dias antes de celebrar a Páscoa” – assim começa o texto deste Evangelho, revelado à comunidade internacional em 7 de Maio de 2006 numa exposição na sede da National Geographic em Washintgton. Noutra passagem, vista como um momento chave da narrativa, Jesus diz a Judas: “ …irás superá-los a todos. Pois irás sacrificar o corpo que me reveste.”
E por várias vezes o apóstolo maldito, por ter entregue Jesus aos romanos, surge destacado. “Afasta-te dos outros e contar-te-ei os mistérios do reino. Irás alcançá-los, mas sofreras muito”, diz-lhe Jesus, afirmando ainda: “…serás maldito pelas outras gerações, e mandarás nelas.”
“O Evangelho de Judas transforma o acto de traição de Judas num acto de obediência”, diz Craig Evans, um conceituado professor do Novo Testamento do Acadia Divinity College, situado em Wolfville, na Nova Escócia.
O manuscrito contendo o Evangelho de Judas, e que resistiu ao tempo, foi provavelmente escrito por volta de 300 d.C. No entanto, a primeira referência que se tem notícia sobre este evangelho data de 180 d.C. quando Irineus, um Bispo Cristão bastante influente, o denunciou como herege. Até então, existiam vários registos da vida e época de Jesus, escritos por vários cristãos durante os 150 anos que sucederam à sua morte, em mais de 30 evangelhos. O Bispo ajudou a elucidar a mensagem cristã argumentando que deveriam existir apenas 4 evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Todos os outros, incluindo o Evangelho de Judas, foram condenados e banidos pelos primeiros sacerdotes da Igreja.
Uma exímia equipe formada por cientistas e estudiosos da Bíblia verificaram a autenticidade deste manuscrito. O processo, envolveu datação por radiocarbono, análise de tinta, imageamento multiespectral, evidência contextual e outros. O trabalho foi difícil segundo Rodolfo Kasser, o principal tradutor do manuscrito. Para Elaine Pagels, professora de Religião na Universidade de Princeton, a descoberta “ derruba o mito de uma religião monolítica e mostra quão diverso e fascinante era o movimento cristão primitivo”.
Fonte: National Geographic (Maio de 2006), Jornal de Notícias Maio de 2006
Outros links de interesse:http://www.keysofenoch.org/pt/html/evangelho_judas.html
http://www.natgeo.com.br/especiais/judas/
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