Coisas e Coisas
DÚVIDA
John Patrick Shanley frequentou, em criança, uma escola católica no Bronx, dirigida pelas Irmãs da Caridade. Estava-se em 1964, tinha John Kennedy sido assassinado no ano anterior. O autor da peça Dúvida situou a história nesse período.
A dúvida surgiu apenas no final, porquanto em toda a história a madre superiora da escola tem certezas da suspeição levantada. A certeza é um valor que tranquiliza quem a tem; a dúvida é uma angústia e uma fraqueza. Escreve Shanley que a dúvida requer mais coragem e desconforto que a convicção e a certeza.
Da peça, em representação no Teatro Maria Matos até ontem (sessões suplementares nos próximos dias, mas já lotados), com encenação de Ana Luísa Guimarães e cenografia de João Mendes Ribeiro, ressaltam as interpretações de Eunice Muñoz e Diogo Infante (e Isabel Abreu e Lucília Raimundo, as outras actrizes que compõem o elenco). O desempenho notável de Eunice Muñoz e Diogo Infante apenas é superado pelos sorrisos de grande felicidade no final da peça, que os dois trocam, quando o público os ovaciona. Diogo Infante desencaminhou Eunice Muñoz do seu descanso de actriz de muitos e muitos anos de trabalho, mas compensou o esforço.
Dúvida foi premiada com o Pulitzer de 2005 e quatro Tony.
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