A entrevista dada hoje pelo jornalista a Nuno Azinheira (fotografia de Rodrigo Cabrita) é muito interessante (pelo entrevistado e pelo entrevistador, que sabe fazer muito bem este tipo de trabalhos e que, agora, eu leio menos frequentemente, dadas as suas tarefas na hierarquia do jornal, que o inibem de escrever com tanta assiduidade sobre media). Detecto três momentos-chave na entrevista, o primeiro dos quais quando Azinheira alude a um certo desinvestimento na SIC Notícias, ao que o até agora pivô da televisão reagiu: "Para mim é muito claro que há um momento-chave na vida da SIC e da SIC Notícias que deve ser reflectido, que foi a fusão das duas redacções. A SIC generalista beneficiou muito dessa fusão, mas acho que a SIC Notícias ressentiu-se um pouco".
Depois, à pergunta sobre onde quer chegar o RCP, responde João Adelino Faria: "Vejo as pessoas a falar muito em audiências e liderança. Estou mais preocupado em fazermos um bom trabalho. O que quero é que o RCP dê notícias, marque o dia, dê manchetes. O que se passa hoje é que a rádio e as televisões, normalmente, desenvolvem no dia as manchetes dos jornais. Queremos poder competir com os jornais em informação que marque o dia. Se isso acontecer, as pessoas vêm atrás".
Finalmente, quando o novo director de informação do RCP diz: "vamos disputar um mercado já existente e que também é o da TSF, mas o RCP não será uma rádio só de informação, vai ser uma rádio generalista que vai apostar muito na informação, na entrevista, no debate, em determinados períodos do dia. Mas é uma rádio mais generalista, como a Antena 1 ou a Renascença".
Parece, assim, confirmar-se que a aposta da Prisa - grupo espanhol de media que adquiriu um terço do capital da Media Capital, que detém a TVI e aquela e outras rádios - de um modelo próximo da Cadena Ser, numa combinatória de rádio nacional de informação e música com descentralização regional e local.