Coisas e Coisas
CRIANÇA RAPTADA NO ALGARVE
Dói ver ou ler as notícias sobre a criança inglesa desaparecida.
Na SIC, no noticiário das 20:00 de hoje, a jornalista em directo descrevia a azáfama dos jornalistas. Dizia ela que os jornalistas estão exaustos de trabalho, com dez e mais horas de trabalho diário. Qualquer pista, divulgada não se sabe por quem, provoca imediato alvoroço nos jornalistas. Hoje, uma informação de que se passava algo em Sevilha fez deslocar de imediato jornalistas ingleses para aquela cidade do sul de Espanha. Verificou-se, depois, tratar-se de um boato.
Os jornais diários tanto escrevem ser um rapto como a polícia marítima andar à procura de um saco no mar, como uma cassete de bomba de gasolina com uma mulher ou um casal a fotografar crianças numa esplanada. Um criminalista, num dia, afirmava peremptoriamente tratar-se de um inglês o autor do rapto para, no dia imediato, descrever a possível saída da criança da casa onde estava e ter-se perdido. Havia um retrato-robô inicial de um homem desenhado de costas, moreno de pele (não sei como se consegue ver a pele de uma pessoa estando de costas). Os suspeitos são sempre apresentados como estranhos, mas nada divulgam que confirme tal estranheza.
Tantas narrativas desencontradas, tantas hipóteses geradas. Cada meio de comunicação, cada jornalista em directo, apresenta uma versão, uma história. Não fosse a tragédia e a multiplicidade de alternativas dava um muito imaginativo videojogo. Sete dias de histórias correspondem a um aluvião de ideias sempre renovadas.
Além da tragédia em si, há outra tragédia, a do jornalismo. Na ânsia de informar o público ou as audiências, especula-se, apela-se à emotividade. Para mim, é apenas sensacionalismo gerado pela concorrência dos media. Querendo distinguir-se pela informação, são miméticos no que dizem ou escrevem – nada. O que não alegra quem lê jornais e ensina jornalismo.
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