CONSUMO DE CERVEJAS
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CONSUMO DE CERVEJAS


Agora que o mundial de futebol acabou, vale a pena reflectir num dos seus efeitos: a publicidade ao consumo da cerveja. Para além das manifestações desportivas, lembro a passagem de ano na televisão e o apoio a festivais de música rock e pop.

Sagres (Centralcer), com fábrica em Vialonga, perto de Lisboa, e Super Bock (Unicer), com fábrica em Leça do Bailio, perto do Porto, as empresas dominantes em Portugal, têm feito elevados investimentos publicitários nos anos mais recentes. Dados recolhidos pela Marktest para o período de Outubro do ano passado a Março último apontam um investimento publicitário de quase 25 milhões de euros (a preços de tabela), 22 milhões dos quais gastos na televisão, seguindo-se a publicidade nos outdoors. Cerca de 61% deste bolo foi pago pela SuperBock. Estes valores não reflectem ainda dados de Verão, o período mais alto de consumo de cervejas.

Para além da publicidade na televisão e em outdoors, há também um valor significativo no cinema, à frente dos jornais e rádio. Isto quer dizer que a cerveja se associa à imagem, ao prazer do fresco reflectido no rosto de quem bebe. E, se a cerveja era do domínio do masculino, a presença de mulheres nos anúncios (cantora e actrizes de telenovela brasileira) significa o alargamento e consolidação do público-alvo. Aliás, um estudo divulgado a semana passada dá conta da mudança de hábitos, com as mulheres a consumirem mais bebidas.

Durante décadas, os sabores mantiveram-se, mas, no ano passado, começou a guerra pelos nichos de mercado, com novas submarcas e sabores (estendidos às águas, que fazem parte do portfólio das empresas). Assim, em Março de 2005, a Unicer lançou a SuperBock Twin e a Centralcer respondeu com três produtos: Sagres Zero, Bohemia e nova imagem da água Luso. Depois, a Centralcer fez sair, em Maio, a Luso Fresh, água menos gaseificada, respondida um mês depois com Pedras Salgadas, da empresa do Porto, já este ano. SuperBock Tango, com groselha, e Decider, com sidra, Abadia e Pedras Sabores, produtos da Unicer, combatem a Bohemia 1835 e a Sagres Chopp, da Centralcer, novos sabores produzidos quase à razão de um por mês. A saída da Bohemia, por exemplo, destinou-se a retirar quota de mercado ao vinho tinto, tendo alcançado já um valor de perto de 3%. Por outro lado, as cervejas com groselha e sidra implicam aculturações dos consumidores.

Um grupo de alunos meus desenvolveu um inquérito, em Novembro de 2005, junto a 150 pessoas. Do total dos inquiridos, 56% eram do sexo masculino, com 51,1% na faixa etária entre 20 e 30 anos. Estas idades são próximas das dos alunos, o que poderia enviesar os dados; contudo, há muitos festivais de música e outros espectáculos em que o consumo de cerveja serve este público jovem, pelo que o resultado final não será muito diferente. 36,6% das pessoas inquiridas eram estudantes, seguindo-se 20% de quadros médios.







Do universo inquirido, metade bebe as novas cervejas, com a maioria a fazê-lo fora das horas de refeições e no exterior do lar, correspondendo a consumo associado ao convívio (casa de amigos, cafés, bares, discotecas). Sabor e sensação são opções de escolha das novas cervejas.

Falar em cerveja em dias de canícula desperta um imenso desejo de apreciar um copo com uma bebida bem fresquinha. E lembra o bife da cervejaria Trindade. Ou da Portugália, tanto faz. Isto é, coisas boas, numa crónica mais leve.








Observações: 1) texto da crónica que passará hoje por volta das 10:00, na Antena Miróbriga Rádio ou 102,7 MHz (região de Santiago de Cacém), 2) dados recolhidos a partir da Marktest (que forneceu informação graciosamente, o que agradecemos), "DiaD" (suplemento do Público) de 3 de Julho último e trabalho dos alunos Filipa Rebelo, Joana Contreiro e João Santos (O consumo das novas cervejas nacionais), do ano lectivo 2005-2006, 3) a última imagem mostra um prato não com bife de vaca mas com bons materiais de carne de ave, embora não tão perfeito como o blogueiro gostaria; a leitura de um jornal, no caso o Diário de Notícias, foi "culpada" pelo forno ter ficado ligado ligeiramente mais tempo do que o necessário, mas a cerveja estava fresquíssima.



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